O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), informou nesta terça-feira (17), que o governo vai propor o aumento da mistura de etanol na gasolina, de 27% para 30%. A proposta será levada à próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), marcada para o fim de junho.
A declaração foi feita durante o seminário Gás para Empregar, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na cidade de São Paulo. Segundo o ministro, a medida tem como objetivo reduzir a dependência do país da importação de combustíveis fósseis e fortalecer o setor de biocombustíveis no Brasil.
O impacto do aumento de etanol na gasolina
De acordo com Alexandre Silveira, a elevação do percentual de etanol na gasolina contribuirá para que o Brasil se torne menos dependente das compras externas de gasolina, alcançando, pela primeira vez desde 2010, a autossuficiência na produção deste combustível. A expectativa, segundo o ministro, é de uma redução de até R$ 0,13 no preço do litro da gasolina.
Em 2024, o país importou cerca de 760 milhões de litros de gasolina. Com a adoção da mistura E30 (30% de etanol na gasolina), a expectativa do governo é não apenas zerar essa necessidade de importação, como também gerar excedentes para exportação. A projeção é de um aumento anual de aproximadamente 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol.
Além do impacto econômico, o ministro destacou que a ampliação do etanol na gasolina também beneficia diretamente o setor produtivo de biocombustíveis, especialmente a cadeia sucroenergética, com geração de empregos e fortalecimento da indústria nacional.Críticas aos preços elevados
Durante o evento, Alexandre Silveira também voltou a criticar os preços do gás natural no Brasil, classificando os valores como “absurdos”. O ministro alertou para os impactos negativos desses custos sobre setores industriais que dependem fortemente de energia, como siderurgia, petroquímica e cerâmica.
“O preço do gás natural no Brasil é absurdo e prejudica nossa indústria intensiva em energia”, afirmou Silveira, destacando que os altos custos comprometem a competitividade do setor produtivo nacional.
Para enfrentar essa situação, Silveira defende que é preciso aumentar a oferta de gás natural no mercado interno. Ele explicou que o Brasil reinjeta nos poços o dobro da média global desse insumo, reduzindo significativamente o volume disponível no mercado.
Segundo ele, essa prática contribui para manter os preços elevados de gás no país. “Não há justificativa para essa reinjeção excessiva. É fundamental que a Petrobras compreenda a importância de ampliar a oferta de gás natural”, afirmou o ministro.
Silveira ainda ressaltou que a Petrobras terá papel estratégico na nova política energética do governo. Ele criticou a atual política da estatal em relação ao gás natural e disse que é necessário rever essa prática dentro da estrutura corporativa da companhia.
Governo nega intervenção na petrobras
Apesar das críticas à gestão da Petrobras no setor de gás, Alexandre Silveira negou qualquer tipo de intervenção na empresa. Segundo ele, se houvesse interferência governamental, a estatal não teria o nível de valorização que apresenta atualmente no mercado.
“O que buscamos é uma Petrobras forte, alinhada com os interesses nacionais e com políticas energéticas que beneficiem o país”, afirmou.