O governo federal, avalia mudanças no sistema de aposentadoria dos militares, focando em ajustar o déficit e integrar a reforma ao pacote de corte de gastos, um objetivo central da gestão atual. A aposentadoria dos militares é um dos alvos principais após relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontar o alto deficit do sistema.
Deficit no Sistema de Aposentadoria dos Militares
O sistema previdenciário dos militares se tornou um foco importante para o governo devido ao impacto financeiro sobre os cofres públicos. Segundo o TCU, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas (SPSMFA) apresenta o segundo maior deficit entre os sistemas previdenciários administrados pela União.
Em 2023, apenas 15% das despesas do sistema foram cobertas pelas receitas, o que resultou em um déficit expressivo. Esse percentual coloca o regime militar atrás apenas do fundo de segurança pública do Distrito Federal, que cobre 10% das despesas, embora envolva valores menores.
O relatório detalha ainda que o SPSMFA registrou um déficit de R$ 49,7 bilhões neste ano, inferior ao observado nos regimes previdenciários gerais e próprios (RGPS e RPPS). No entanto, quando analisada a proporção entre deficit e receita, a aposentadoria dos militares desponta como o mais desequilibrado entre os principais fundos da União, apresentando uma significativa diferença entre contribuições e benefícios pagos.
Impacto fiscal e despesas totais
Em termos de valores, o sistema de aposentadoria dos militares teve uma despesa de R$ 58,8 bilhões em 2023, enquanto as receitas somaram apenas R$ 9,1 bilhões, resultando no deficit de R$ 49,7 bilhões mencionado pelo TCU. Com esse cenário, a cobertura do fundo para as despesas foi limitada a 15,4%, reforçando a necessidade de reformas para aliviar o impacto sobre o orçamento público.
A expectativa é que o governo defina um plano para enfrentar esse deficit em uma reunião marcada para esta quarta-feria, 13 de novembro. O encontro será entre a equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes do Ministério da Defesa, incluindo o ministro José Múcio.
O objetivo é discutir alternativas para reduzir os custos da aposentadoria dos militares, visando fortalecer o pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo Lula.
Essa possível reforma, no entanto, encontra resistência significativa dentro das Forças Armadas, uma vez que qualquer alteração nos benefícios é vista com cautela pelos militares. De acordo com as projeções, mudanças substanciais poderão afetar somente os futuros militares que ingressarem na carreira, o que significa que os resultados da reforma podem ser sentidos apenas a longo prazo.