*Sêmia Mauad/ Opinião MT
Uma imagem do suplente de deputado estadual Hugo Garcia sorridente ao lado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, desencadeou uma nova onda de críticas no cenário político de Mato Grosso. A foto, divulgada neste domingo, escancarou um suposto alinhamento político de Garcia com a esquerda e contra os interesses do agronegócio, conforme denúncias que já circulavam nos bastidores.
A principal reação veio do deputado estadual Gilberto Cattani.
“Você (Hugo Garcia) está junto com aquelas pessoas que chamam o agro de ogro, aquelas pessoas que querem sempre taxar e reprimir o agronegócio, que querem entregar o nosso maior tesouro, que é o agronegócio, para esses camaradas aí da Europa que ficam tentando a todo custo minimizar a nossa competitividade”, disparou Cattani.
O centro da discórdia é a Lei nº 12.717/2024, de autoria de Hugo Garcia, que institui o Programa Estadual de Irrigação.
A indignação surgiu nos últimos dias com a revelação do artigo 27 da lei, que, segundo os críticos, esconde um “jabuti legislativo”: a criação da Taxa de Desenvolvimento da Agricultura Irrigada. Essa taxa, a ser paga anualmente pelos irrigantes, terá alíquota de 75% do valor da Unidade Padrão Fiscal (UPF) vigente. Com a UPF atualmente em R$ 250,83, a taxa por hectare seria de aproximadamente R$ 62,70.
Outro ponto que gerou revolta é o fato de que um dos principais beneficiados pela arrecadação da taxa seria a Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), entidade presidida justamente por Hugo Garcia. A estimativa é de que a Aprofir arrecade mais de R$ 30 milhões com a medida.
Cattani acusou o suplente de “enganar” ele e os demais deputados.
“Quando você (Hugo Garcia) teve uma chancezinha de entrar lá dentro, nos enganando e tentando taxar mais ainda os produtores rurais, para mim você já passou, já deu, a conta já está paga”, afirmou o deputado.
A revolta se estende à base de produtores. Christian Willy Braun, delegado da Aprojosa/MT em Primavera do Leste, expressou surpresa e indignação, afirmando que a base da Aprofir sequer foi consultada.
“Como é que você cria um negócio desse a toque de caixa e a base mesmo, que são os sócios da Aprofir, nem estão sabendo disso aí?”, questionou Braun.
O produtor rural Silvano Filipetto também fez duras críticas a Garcia:
“Não chega o governo federal acabando com o produtor rural, acabando com o cidadão, com um monte de taxa, um monte de imposto, agora vem mais uma entidade, que é para defender o produtor, e está enfiando taxa na gente”, desabafou.
O QUE PODERÁ SER FEITO
A proposta de modificação da lei, apresentada por Gilberto Cattani, deve ser votada na próxima sessão da Assembleia Legislativa, marcada para quarta-feira, dia 11 de junho.
VEJA VÍDEO DO DEPUTADO ESTADUAL GILBERTO CATTANI FALANDO SOBRE O CASO
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