A falta de insulina no Brasil está gerando preocupação em hospitais e farmácias, comprometendo o tratamento de pacientes com diabetes. O problema afeta tanto a rede pública, como o SUS, quanto farmácias privadas, enquanto especialistas alertam para os riscos à saúde pública diante da escassez da substância essencial para milhares de pessoas.
Impacto da falta de Insulina no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece dois tipos principais de insulina: a NPH e a Regular, utilizadas principalmente no tratamento do diabetes tipo 1. Nesse tipo da doença, o organismo do paciente não consegue produzir insulina suficiente, tornando sua aplicação indispensável. Embora o diabetes tipo 2 seja frequentemente tratado com medicamentos orais e mudanças no estilo de vida, alguns casos também requerem o uso de insulina.
Desde novembro de 2024, o Ministério da Saúde vem enfrentando dificuldades para manter o fornecimento adequado da substância, apesar de afirmar que fechou um acordo para antecipar 1,8 milhão de canetas de insulina com o laboratório Novo Nordisk. Segundo a pasta, a entrega dessa remessa foi realizada até o final de dezembro, mas a escassez persiste, sem informações claras sobre os próximos passos para regularizar o abastecimento.
Problemas nas Farmácias
As farmácias privadas também estão sofrendo com a falta de insulina. A Drogasil, uma das maiores redes do país, confirmou dificuldades no fornecimento das insulinas NPH e Regular, apontando para um problema global que impacta a cadeia de suprimentos de medicamentos.
Em junho de 2024, o laboratório Novo Nordisk já havia alertado para a possibilidade de desabastecimento em farmácias e no programa Farmácia Popular a partir de julho. Em nota, a empresa atribuiu o problema a desafios globais na cadeia de suprimentos, que têm dificultado a produção e distribuição da insulina em diversos países.
A Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias) informou que não recebeu notificações formais sobre desabastecimento por parte das farmácias associadas. No entanto, relatos de dificuldade de acesso ao medicamento continuam a surgir em diversas regiões do Brasil, aumentando a preocupação entre os pacientes e suas famílias.
Alerta de Entidades Médicas
O Conselho Federal de Medicina (CFM) também expressou preocupação com a falta de insulina no Brasil, considerando a situação uma grave ameaça à saúde pública. Em nota divulgada em novembro, o órgão destacou que o fornecimento contínuo e adequado do medicamento é essencial e não pode ser adiado, sob risco de consequências irreversíveis para os pacientes.
Essa não é a primeira vez que o Brasil enfrenta problemas no abastecimento de insulina. Em 2023, o país já havia passado por uma situação similar, o que obrigou o governo a realizar contratações emergenciais e abrir licitações para insulinas análogas, uma alternativa aos tipos mais comuns.
A falta de insulina representa um risco significativo para a saúde de milhares de pessoas que dependem do medicamento para controlar os níveis de glicose no sangue. Sem o tratamento adequado, os pacientes com diabetes tipo 1 podem enfrentar complicações graves, como cetoacidose diabética, insuficiência renal e até mesmo óbito.