*Sêmia Mauad/ Opinião MT
A investigação da Polícia Civil indica que os acusados de integrar facção criminosa que extorquia comerciantes, podem ter lucrado cerca de R$ 1 milhão de reais, por meio do esquema criminoso, comandado supostamente pelo pastor, Ulisses Batista, que se encontra foragido no Rio de Janeiro (RJ). A afirmação é do delegado responsável pelo caso, Rodrigo Azem.
“Nas investigações apurou-se uma estimativa na região onde eles estavam praticando as extorsões. Em torno de R$ 1 milhão e 500 galões vendidos ao mês. Isso se você tiver, efetivamente, o pagamento da taxa de um real por galão, é um recurso bem alto, de R$ 1 milhão e meio por mês, para a facção criminosa”, disse ele.
Parte desse valor, apontou a investigação, era encaminhado a duas empresas, uma distribuidora e uma farmácia, usadas como fachada para lavagem de dinheiro.
Os faccionados exigiam o pagamento de R$ 1 real por galão vendido em distribuidoras de água de Cuiabá e Várzea Grande.
ENTENDA O CASO
Foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, dia 20 de março, a Operação Falso Profeta, realizada pela Polícia Civil, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
A ação policial consiste em combater e prender suspeitos de envolvimento em esquema de extorsão e lavagem de dinheiro. Criminosos integrantes de facção criminosa agiam contra estabelecimentos comerciais que atuavam na distribuição de água em Cuiabá e também em Várzea Grande.
O foco principal dos policiais é um pastor de uma igreja que funciona no Bairro Pedra 90, na capital. Ele é apontado pelos policiais como líder da facção criminosa e mentor do esquema criminoso, que extorquia os donos das empresas. O acusado está foragido no Rio de Janeiro (RJ).
No total, trinta ordens judiciais, que incluem sete mandados de prisão preventiva, nove mandados de busca e apreensão, e duas determinações de proibição de atividade econômica de firmas, além de cinco sequestros de veículos, foram cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e no estado do Rio de Janeiro (RJ). A polícia ainda atua em sete bloqueios de contas bancárias dos envolvidos. Os valores podem chegar a R$ 1,5 milhão.
A investigação da polícia apontou que os suspeitos comandavam o esquema de extorsão a comerciantes, denominado “Projeto Água 20 LT”. A facção criminosa obrigava os proprietários das empresas, por meio de ameaças, a comprar os galões da própria facção. Além disso, eles ainda tinham que pagar R$ 1 real por galão de água vendido aos criminosos.
A polícia descobriu ainda que os suspeitos mantinham grupo de whatsapp para que as vítimas fossem abordadas. A princípio, o tom da conversa junto aos comerciantes era tranquilo e evoluía para ameaças, a quem tentava sair do bate-papo. A intenção deles, segundo os policiais, era coagir e amedrontar os comerciantes.
A investigação apontou ainda que os bandidos tinham divisão de tarefas e mantinham o controle sobre os distribuidores. O administrador do grupo de whats seria o próprio líder da facção. Ele seria responsável pelo controle financeiro e logístico do esquema.
A polícia identificou ainda outros integrantes da facção que iam até os estabelecimentos comerciais e faziam as ameaças pessoalmente. Além disso, eles eram responsáveis por cobrar a taxa sob a venda dos galões.
Os bandidos ainda mantinham um caminhão para a distribuição dos galões de água.
Os envolvidos já tem passagens pela delegacia pelos crimes de tráfico de drogas, roubo, uso de documento falso, participação em organização criminosa e assassinatos.
É importante ressaltar que a ação deflagrada nesta quinta-feira, faz parte de outra: A Operação Inter Partes, que integra o programa “Tolerância Zero” do Governo do Estado, com foco em desmantelar os trabalhos de integrantes de facções criminosas no estado.