Nesta sexta-feira (02), a Argentina e o Uruguai se juntaram aos Estados Unidos no reconhecimento de Edmundo González como presidente eleito da Venezuela, contestando a reeleição de Nicolás Maduro. A decisão foi tomada após a divulgação de resultados que levantaram suspeitas em vários países.
Reconhecimento Internacional de Edmundo González
O chanceler argentino, Mondino, declarou que “todos podemos confirmar, sem qualquer dúvida, que o legítimo vencedor e presidente eleito é Edmundo González”. Esta declaração está em linha com a posição dos Estados Unidos, conforme pronunciamento de Antony Blinken, chefe da diplomacia americana.
A chanceler justificou a posição do governo argentino após a análise das atas eleitorais oficiais da Venezuela, publicadas no site resultadosconvzla.com, mantido pela oposição a Maduro.
Pouco depois, o presidente argentino Javier Milei reiterou a mensagem em sua conta na rede social X. O porta-voz presidencial argentino, Manuel Adorni, afirmou que “Maduro perdeu as eleições e nunca apresentou as atas que supostamente demonstrariam sua vitória”. Adorni criticou a longa história de fraude eleitoral e má gestão econômica do regime chavista, que, segundo ele, empobreceu 90% da população venezuelana e expulsou milhões de suas terras natais.
O governo do Uruguai, liderado por Luis Alberto Lacalle Pou, também reconheceu a vitória de González. O ministro das Relações Exteriores, Omar Paganini, afirmou em rede social que, “em função da evidência contundente, fica claro para o Uruguai que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela”. Paganini enfatizou a importância de respeitar a vontade do povo venezuelano.
Contexto Latino-Americano
Com este reconhecimento, a Argentina se une aos Estados Unidos e ao Peru na rejeição da reeleição de Maduro nas eleições de 28 de julho. O gesto argentino aumenta a pressão sobre o governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, que até agora tem mantido a posição de aguardar a divulgação oficial das atas eleitorais, algo que Maduro prometeu mas ainda não cumpriu.
Na quinta-feira, Brasil, Colômbia e México emitiram um comunicado conjunto pedindo uma “verificação imparcial” dos resultados eleitorais na Venezuela. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou Maduro como presidente reeleito com 51% dos votos, contra 44% de González. No entanto, a oposição afirma que possui cópias de mais de 80% das atas eleitorais, indicando que González teria obtido 67% dos votos.
Consequências Diplomáticas
A decisão argentina resultou na expulsão de seus diplomatas da Venezuela, que deixaram a embaixada onde abrigavam seis refugiados venezuelanos. O Brasil assumiu a custódia da legação argentina em Caracas e a proteção dos refugiados, além de assumir a guarda da legação do Peru, após a Venezuela romper relações diplomáticas com este país.
A contestação internacional à reeleição de Nicolás Maduro e o reconhecimento de Edmundo González como presidente eleito da Venezuela intensificam a crise política e diplomática na região.