Diálogos obtidos pela Revista Oeste revelam conversas entre o advogado Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara, e um perfil no Instagram atribuído a Gabriela, esposa do tenente-coronel Mauro Cid. As mensagens, trocadas no início de 2024, trazem menções diretas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em meio às investigações relacionadas aos atos do dia 8 de janeiro.
O conteúdo das conversas sugere que, embora houvesse uma restrição judicial impedindo Mauro Cid de utilizar redes sociais, o perfil estaria sendo utilizado pelo próprio militar para se comunicar. Ao longo dos diálogos, surgem opiniões e avaliações sobre as atuações de nomes como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes.
Diálogos levantam questionamentos sobre Alexandre de Moraes
Em um dos trechos, o advogado Eduardo Kuntz questiona diretamente a conta sobre o ministro Alexandre de Moraes, perguntando: “Você acha que o Alexandre de Moraes é o grande pensador Netflix?”. Na sequência, completa: “Quem força essa barra?”.
A resposta da conta aponta que Moraes “tem talento”, mas que seria o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, quem mais “força a barra” nas ações relacionadas às investigações.
Gilmar Mendes é Citado Como “Articulador”
O nome do ministro Gilmar Mendes também surge nos diálogos. Quando questionado se o magistrado estaria “fora” das articulações, a conta responde que Gilmar exerce, na verdade, o papel de “articulador” no Supremo. Segundo o relato, Moraes e Barroso seriam os “mentores”, enquanto Gilmar “coloca todo mundo no eixo”.
Moraes é descrito como “Cão de Ataque”
Outro ponto revelado nas mensagens é a forma como os interlocutores descrevem os papéis de cada ministro no contexto político e jurídico atual. Luís Roberto Barroso é chamado de “iluminista pensador”, enquanto Alexandre de Moraes recebe a alcunha de “cão de ataque”.
Os diálogos destacam que Moraes seria responsável pela execução das decisões, comparando-o a um “CEO de uma empresa”. A fala sugere que, dentro da dinâmica do STF, Moraes assume a linha de frente nas ações mais contundentes.
“Presidente não iria dar Golpe”
As mensagens ainda trazem relatos sobre a percepção dos investigados a respeito das intenções do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a conta atribuída a Mauro Cid, não havia intenção de realizar um golpe.
“É difícil aceitar que estou prejudicando tanta gente”, diz uma das mensagens. O texto segue afirmando que tudo seria fruto de uma perseguição, e que Bolsonaro estava, na verdade, buscando provar uma possível fraude nas urnas por meio de meios legais, através do partido.
Os diálogos revelados jogam luz sobre os bastidores das investigações que envolvem os atos de 8 de janeiro e os movimentos considerados antidemocráticos. As mensagens expõem como os próprios envolvidos enxergavam o papel dos ministros do STF nas decisões, bem como suas percepções sobre as ações do ex-presidente Bolsonaro.