O Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal nesta quinta-feira, 20 de junho. Até o momento, cinco ministros votaram a favor da descriminalização, três votaram contra, e uma nova vertente foi apresentada pelo ministro Dias Toffoli, que considerou que a legislação atual não classifica o porte de drogas para uso pessoal como crime. O julgamento será retomado na próxima terça-feira, 25 de junho.
Descriminalização do porte de drogas
O julgamento no STF sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal tem gerado intensos debates. A discussão principal gira em torno de como diferenciar juridicamente os usuários de drogas dos traficantes, uma questão que provoca insegurança jurídica. O ministro Dias Toffoli propôs que o Executivo e o Legislativo criem, em até 18 meses, uma política pública para solucionar essa questão.
Os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Alexandre de Moraes votaram pela descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Já André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Cristiano Zanin votaram contra.
Gilmar Mendes: O relator do caso defende a descriminalização do porte de qualquer droga para consumo próprio, mas ajustou seu voto para focar apenas na maconha, propondo parâmetros para diferenciar tráfico de uso pessoal.
Edson Fachin: Fachin declarou inconstitucional o artigo nº 28 da Lei de Drogas, exclusivamente em relação à maconha, destacando a necessidade de critérios para diferenciar usuários de traficantes.
Luís Roberto Barroso: Barroso propôs que a posse de até 25 gramas de maconha ou a plantação de até seis plantas fêmeas seja o critério para diferenciar usuário de traficante.
Alexandre de Moraes: Moraes sugeriu que pessoas flagradas com até 60 gramas de maconha ou com seis plantas fêmeas sejam consideradas usuárias.
Rosa Weber: Antes de se aposentar, Weber votou pela descriminalização, argumentando que a criminalização da conduta é desproporcional e prejudica a autonomia privada.
Votos contrários à descriminalização:
Cristiano Zanin: Nomeado pelo presidente Lula, Zanin foi o primeiro a votar contra, argumentando que a descriminalização poderia agravar problemas de saúde e segurança.
André Mendonça: Mendonça sustentou que a descriminalização deve ser feita pelo Legislativo e propôs um prazo de 180 dias para fixar critérios objetivos.
Kassio Nunes Marques: Acompanhando Zanin e Mendonça, Marques defendeu que a decisão cabe ao Legislativo e enfatizou os impactos sociais negativos da maconha.
A nova vertente de Toffoli
O ministro Dias Toffoli apresentou uma perspectiva inovadora ao afirmar que a legislação atual não define o porte de drogas para uso pessoal como crime. Toffoli exigiu que o Congresso e o Executivo criem uma política pública para diferenciar usuários de traficantes em até 18 meses.
Ele criticou a falta de ação dos órgãos do Poder Público e destacou que a criminalização das drogas é baseada em preconceito e xenofobia.
Próximos passos
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, suspendeu o julgamento após o voto de Toffoli. A sessão será retomada na próxima terça-feira, 25 de junho, com os votos dos ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia ainda pendentes. Os ministros também deverão definir critérios específicos, como a quantidade de maconha permitida para uso pessoal, para diferenciar usuários de traficantes.
O julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal no STF continua a ser uma questão complexa e controversa. Com cinco votos a favor e três contrários, além da nova perspectiva apresentada por Dias Toffoli, o desfecho ainda é incerto. A decisão final, prevista para ser retomada em breve, terá um impacto significativo nas políticas públicas sobre drogas no Brasil.