*Sêmia Mauad/ Opinião MT
O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) veio a público se defender das acusações de envolvimento em um suposto esquema de fraude na compra de kits agrícolas em Mato Grosso, que já aponta para um prejuízo de R$ 28 milhões aos cofres públicos. A investigação da Polícia Civil, batizada de Operação Suserano, deflagrada em 24 de setembro de 2024, cita 14 deputados estaduais, um prefeito e um secretário de Estado.
Cattani, cujo nome aparece entre os parlamentares investigados por destinar emendas para a Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf) do estado, negou qualquer irregularidade e se colocou à disposição das autoridades.
“Nunca concordei com esses tais kits porque o produtor rural precisa de um trabalho efetivo para que ele possa vender o seu produto”, afirmou o deputado, ressaltando sua preferência por políticas de mercado, regularização fundiária e segurança jurídica para o pequeno produtor. Ele justificou a participação na emenda como uma ação de bancada para fomentar a agricultura familiar no estado.
“Se investigue sim. Sou favorável à investigação. Se existe uma desconfiança, tem que ser investigado sim. Investiguem e se tiver qualquer coisa errada, punam os culpados”, declarou Cattani, utilizando o provérbio “quem não deve, não teme”, finalizou ele.
SAIBA MAIS SOBRE A OPERAÇÃO
A Operação Suserano, conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), investiga um suposto esquema na execução de emendas parlamentares, especialmente durante o período eleitoral. O foco da apuração está na compra de kits agrícolas, com um sobrepreço de R$ 10,2 milhões.
Um documento obtido pelo UOL revelou que os 14 deputados estaduais, o prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira (PL), e atualmente o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alan Kardec (PSB), são citados na investigação. O empresário Alessandro do Nascimento é apontado como o suposto beneficiário do esquema, sendo sócio oculto de empresas que teriam recebido dinheiro das emendas. A delegada Juliana Rado, responsável pelo caso, solicitou o encaminhamento do inquérito à Polícia Federal.
Os kits foram fornecidos pelo Instituto de Natureza e Turismo – Pronatur, que assinou 24 termos de fomento com a Seaf. O dinheiro dos kits teria sido pago pelo instituto à empresa Tupã Comércio e Representações, que, segundo a polícia, estaria em nome de um “laranja” do grupo criminoso.
DETALHES DA INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil suspeita que Alessandro do Nascimento, apontado como sócio oculto, estaria envolvido em uma rede de empresas destinatárias das emendas, incluindo a Tubarão Sports, que também recebeu solicitações de produtos de diversos deputados. Nascimento também é investigado por suposta lavagem de dinheiro no exterior, com planos de comprar imóveis nos Estados Unidos. Sua defesa nega que ele tenha sido indiciado ou ouvido, e afirma que não possui contratos com o Estado de Mato Grosso.
A Operação Suserano segue em andamento, e a Polícia Civil encaminhou as investigações para a Polícia Federal, visando aprofundar a apuração sobre o suposto esquema.
O OUTRO LADO
Além de Gilberto Cattani, os citados na investigação se pronunciaram sobre o caso.
Cláudio Ferreira (PL), atual prefeito de Rondonópolis: Afirmou que suas emendas foram destinadas para atender aos interesses dos cidadãos e que a destinação foi feita dentro da moralidade e legalidade, sem cunho eleitoral.
Alan Kardec (PSB), atual secretário de Ciência e Tecnologia da Informação: Não foi notificado e reafirma a lisura de suas relações institucionais.
José Eduardo Botelho (União), então presidente da ALMT: Negou participação em ilicitudes e eventos de entrega de equipamentos em período eleitoral, afirmando que “sempre respeitei a legislação eleitoral”.
Doutor João José (MDB): Declarou que as emendas foram indicadas e executadas com seriedade e transparência, conforme a legislação.
Júlio Campos (União), ex-governador: Por meio de sua assessoria jurídica, declarou apoio à investigação, mas desautorizou o uso de seu nome e imagem associados à operação, alegando desconhecimento do conteúdo apreendido.
Dr. Eugênio (PSB): Desconhece benefícios a agricultores em período eleitoral, afirmando que não houve destinação de emenda impositiva em ano eleitoral.
Wilson Santos (PSD): Defendeu a destinação de emendas parlamentares como recurso previsto na Constituição e reforçou que irregularidades devem ser apuradas.
Thiago Silva (MDB): Afirmou ter cumprido rigorosamente a legislação eleitoral e negou ter praticado crime eleitoral, sem realizar entregas de equipamentos durante a campanha. Seu nome também apareceu em anotações.
Dilmar Dal Bosco (União): afirma que “sempre tomou os cuidados legais para não desrespeitar a legislação eleitoral, não participando de entregas de materiais em período eleitoral”.
Carlos Avalone (PSDB): Sua assessoria afirmou que destina emendas para fortalecer a agricultura familiar há anos, obedecendo à legislação e com devida prestação de contas.
Diego Guimarães (Republicanos): Negou ter destinado qualquer emenda ao Instituto Pronatur ou ter participado de entregas dos kits agrícolas.
DEMAIS DEPUTADOS NÃO RESPONDERAM
Faissal Calil (PL), Juca do Guaraná (MDB), Fabio Tardin (PSB) E Ondanir Bortolini (PSD).
VEJA VÍDEO COMPLETO DO DEPUTADO GILBERTO CATTANI SOBRE O ASSUNTO QUE FOI PUBLICADO NAS REDES SOCIAIS