No amanhecer de uma segunda-feira agitada, a Polícia Militar empreendeu uma operação significativa no Contorno Leste de Cuiabá, especificamente na área conhecida como Brasil 21. Este evento marcou um momento de tensão e confronto entre as forças de segurança e um grupo de indivíduos apelidados de ‘grileiros’, que ocupavam ilegalmente o terreno.
A ação, que foi amplamente divulgada através das redes sociais, revelou o uso de medidas drásticas, como balas de borracha e spray de pimenta, para dispersar os ocupantes do local.
Operação de Reintegração de Posse
A operação foi iniciada após a chegada dos agentes das forças de segurança na noite do domingo anterior, visando cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse em favor da empresa Ávida Construtora. A ordem foi um desdobramento de uma decisão legal, na qual se destacou a necessidade de desocupação do terreno, tendo em vista a propriedade e os direitos reivindicados pela construtora.
A resistência por parte dos moradores ao processo de desocupação foi palpável. Diversos vídeos compartilhados na internet, especialmente na plataforma Instagram pelo perfil Brasil sem Teto, mostraram cenas de caos e desespero.
Adultos e crianças foram vistos em uma correria desenfreada, tentando evitar os efeitos do spray de pimenta e das balas de borracha. Em uma das filmagens mais impactantes, observou-se uma idosa sendo socorrida e carregada nos braços de um homem, após ser afetada pela intervenção policial. Além disso, relata-se que os ocupantes tentaram criar barricadas como uma forma de defesa, para impedir o avanço da polícia.
Contexto Jurídico e Econômico
Por trás dessa ação, existem questões jurídicas e econômicas profundas envolvendo a Ávida Construtora. Em março de 2023, a empresa foi alvo de um pedido de recuperação judicial, um processo liderado pela juíza Anglizey Solivan de Oliveira, da 1ª Vara Cível de Cuiabá.
Essa medida veio à tona em um momento em que a construtora enfrentava dificuldades financeiras significativas, acumulando dívidas que ultrapassavam os R$ 36 milhões.
As causas dessa situação financeira precária incluíram fatores como altos juros, crises econômicas nacionais, impactos da pandemia da Covid-19, inflação elevada, liquidez reduzida, além de ações judiciais, rescisões contratuais e condenações para a devolução de valores pagos por clientes.
O confronto entre os ocupantes e as forças de segurança evidencia a tensão existente entre o direito à propriedade e as necessidades de pessoas em situação de vulnerabilidade. Este incidente destaca a importância de buscar soluções humanitárias e justas para conflitos de terra, em meio às diversas pressões sociais e econômicas presentes na sociedade contemporânea.