O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) realizou testes para verificar se o álcool presente em algumas marcas de pão de forma pode ser detectado pelo bafômetro. O resultado foi positivo, suscitando um debate sobre a segurança ao dirigir após consumir esse alimento. A palavra-chave “pão de forma” foi central neste estudo e está no centro das discussões atuais.
Testes do Detran-GO confirmam álcool no pão de forma
A iniciativa do Detran-GO teve início após a circulação de notícias que sugeriam que certas marcas de pão de forma poderiam influenciar os resultados do bafômetro. Em um vídeo publicado nas redes sociais, uma representante do órgão consumiu duas fatias de pão de uma marca específica e, em seguida, fez o teste no bafômetro.
O resultado apontou 0,12 mg de álcool por litro de ar expelido, superando o limite de 0,05 mg/L para ser considerado alcoolizado. Contudo, ao testar outra marca, o resultado foi negativo, demonstrando que nem todas as marcas apresentam o mesmo risco.
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A origem da polêmica sobre o pão de forma com alto teor alcoólico remonta a um estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).
O estudo analisou dez marcas líderes de vendas no Brasil e descobriu que algumas delas apresentavam níveis de álcool superiores ao permitido para bebidas não alcoólicas, que é de 0,5%. As marcas Visconti, Bauducco, Wickbold e Panco foram citadas como aquelas que excederam esse limite. Apenas as marcas Pullman e Plusvita não apresentaram teores elevados.
Reações e medidas do Detran-GO
Apesar dos resultados alarmantes, o Detran-GO procurou tranquilizar os motoristas, explicando que o álcool presente no pão de forma desaparece do organismo aproximadamente três minutos após o consumo. Em uma publicação nas redes sociais, o órgão brincou: “Não adianta colocar a culpa no pãozinho”, indicando que basta esperar esse tempo para estar apto a dirigir.
A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) criticou o estudo da Proteste, apontando falhas metodológicas e a falta de oportunidade para contraprovas.
Segundo a Abimapi, o processo de fermentação, essencial na fabricação do pão, transforma açúcares em gases e álcool etílico, grande parte do qual evapora durante o cozimento. No entanto, a Proteste alega que algumas marcas utilizam conservantes em excesso, resultando em níveis elevados de etanol no produto final.
Resultados da Pesquisa da Proteste
A Proteste enviou seus resultados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e à Anvisa, sugerindo a regulamentação do percentual máximo de álcool e a fiscalização dos conservantes utilizados nos pães. Confira as taxas de álcool detectadas em diferentes marcas de pão de forma:
– Visconti: 3,37% de teor alcoólico;
– Bauducco: 1,17%;
– Wickbold 5 zeros: 0,89%;
– Wickbold sem glúten: 0,66%;
– Wickbold leve: 0,52%;
– Panco: 0,51%.
O Detran-GO e a Proteste trouxeram à tona uma discussão importante sobre os níveis de álcool em alimentos e a necessidade de regulamentações mais rígidas. Enquanto isso, os consumidores são aconselhados a estar atentos às marcas que consomem e ao tempo necessário para que o álcool seja eliminado do organismo após o consumo do pão de forma.