A Câmara dos Deputados aprovou, em sessão realizada nesta quinta-feira, 19, o texto-base da segunda proposta que compõe o pacote de corte de gastos do governo Lula. Com 344 votos favoráveis, 154 contrários e duas abstenções, o projeto segue agora para uma nova análise em plenário antes de ser encaminhado ao Senado Federal.
A polêmica PEC do corte de gastos
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2024, enviada pelo Executivo, foi apensada à PEC 31/2007, o que permitiu acelerar sua tramitação na Câmara dos Deputados. O texto faz parte de um pacote de medidas elaborado pelo governo para conter despesas públicas e reestruturar gastos, buscando maior equilíbrio fiscal.
O relator da PEC, deputado Moses Rodrigues (União Brasil-CE), incluiu em seu parecer pontos que tratam de temas sensíveis, como o teto salarial do funcionalismo público e alterações no Fundo Constitucional do Distrito Federal. A proposta também aborda mudanças nas regras do abono salarial, afetando diretamente a política de benefícios sociais do governo.
Sessão marcada por debates e articulações políticas
A votação da PEC estava originalmente agendada para quarta-feira, 18, mas foi adiada devido à falta de quórum mínimo, conforme informado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Para que o texto fosse aprovado, eram necessários pelo menos 308 votos favoráveis em dois turnos. Na sessão desta quinta-feira, os líderes partidários conseguiram articular os apoios necessários para avançar com o pacote de corte de gastos.
A medida ainda precisará passar por um segundo turno de votação na Câmara antes de seguir para apreciação no Senado Federal, etapa fundamental para que as mudanças propostas entrem em vigor.
Outras iniciativas do pacote de corte de gastos
O pacote de corte de gastos do governo federal abrange uma série de medidas que visam conter despesas e ampliar a capacidade de gestão fiscal. Além da PEC 45/2024, outros projetos integram o conjunto de ações. Um exemplo é o Projeto de Lei (PL) 4.614/2024, de relatoria do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Esse PL será submetido à votação nos próximos dias, com propostas para regulamentar novos limites de gastos públicos.
Na terça-feira, 17, a Câmara também aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 210/2024, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 200, de 2023. Esse projeto estabelece limites para o crescimento de despesas com benefícios sociais e salários de servidores públicos até o ano de 2030. Aprovado com 318 votos favoráveis e 149 contrários, o PLP demonstra a intenção do governo de criar um marco fiscal mais rigoroso.
As iniciativas fazem parte de uma estratégia do governo Lula para enfrentar o déficit público e otimizar os recursos financeiros. A aprovação das medidas na Câmara representa um passo importante para a implementação das mudanças, mas também sinaliza os desafios políticos que envolvem o tema.
Com a aprovação do primeiro projeto do pacote de corte de gastos e o avanço da PEC 45/2024, o governo busca consolidar sua política de austeridade, apesar da resistência de setores da oposição e de parte da sociedade civil. As propostas enfrentam críticas pela possibilidade de impacto em áreas como benefícios sociais e remuneração de servidores.