O aumento expressivo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem gerado grande preocupação entre as empresas do varejo no Brasil. A principal queixa do setor é o impacto direto no custo do capital de giro, essencial para manter o funcionamento das operações e o equilíbrio financeiro das companhias.
O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) formalizou um pedido ao Congresso Nacional, nesta sexta-feira (30), para que a medida seja revista com urgência.
Alta do IOF: Setor varejista alerta para riscos econômicos
O IDV, entidade que representa 72 grandes empresas do varejo, apresentou dados que revelam um cenário preocupante. De acordo com o instituto, a elevação do IOF pode impactar significativamente os custos financeiros, que agora podem variar entre 14,5% e 38,8% ao ano. O efeito prático é o encarecimento das operações de capital de giro, o que, inevitavelmente, pode ser repassado aos consumidores.
Segundo o IDV, além do impacto sobre os preços, há risco real de retração na atividade econômica, queda nas vendas e possível aumento do desemprego. Essa combinação pode agravar ainda mais o cenário econômico atual, pressionando a inflação e afetando diretamente o poder de compra da população.
Operações financeiras ficam mais caras para o varejo
Uma das principais preocupações do setor está na tributação de operações essenciais, como o risco sacado e o forfait. Essas ferramentas financeiras são fundamentais para que as empresas antecipem recebíveis e garantam fluxo de caixa saudável. Antes, essas operações possuíam alíquotas reduzidas ou até mesmo isenção de IOF. Agora, com a mudança, a alíquota pode chegar a 3,95%, elevando consideravelmente o custo do capital de giro.
O IDV alerta ainda que o imposto não atinge apenas os varejistas, mas também fornecedores que utilizam esse tipo de operação financeira para manter suas linhas de produção. Pequenas e médias empresas, que dependem fortemente desse tipo de recurso, devem ser as mais impactadas pela elevação do IOF.
Custo total das operações pode chegar a 19% ao ano
De acordo com projeções da entidade, quando somados o novo IOF e a atual taxa básica de juros (Selic), o custo total das operações pode atingir quase 19% ao ano. Esse aumento, segundo o instituto, tende a gerar uma pressão ainda maior sobre os preços dos produtos, já que as empresas precisarão repassar parte desse custo para o consumidor final.
Na prática, toda a cadeia produtiva sofre com o aumento dos encargos sobre o capital de giro, desde os fornecedores até os lojistas e, consequentemente, o consumidor. O IDV reforça que o impacto não se limita às grandes redes, mas afeta também os pequenos negócios, que possuem menor capacidade de absorver custos adicionais.
Empresas mobilizam o Congresso contra o aumento do IOF
Diante desse cenário, o IDV intensificou sua articulação junto ao Congresso Nacional. A entidade encaminhou um ofício solicitando apoio dos parlamentares para barrar a medida que altera a cobrança do IOF sobre operações ligadas ao capital de giro.
Entre as empresas associadas ao instituto estão nomes de peso do varejo nacional, como Americanas, Carrefour, Magazine Luiza, Riachuelo, Renner, Grupo Boticário, Leroy Merlin, McDonald’s, Livraria Cultura e Grupo Pão de Açúcar. Todas elas manifestaram preocupação com os impactos econômicos que a medida pode gerar, tanto para os negócios quanto para a economia brasileira como um todo.