A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Mounjaro, medicamento à base de tirzepatida, também para o tratamento de obesidade e sobrepeso com comorbidades. Até então, o fármaco estava autorizado exclusivamente para o tratamento de diabetes tipo 2. Com a nova decisão, o Mounjaro poderá ser prescrito a adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou com IMC a partir de 27, desde que apresentem pelo menos uma comorbidade associada, como hipertensão arterial, dislipidemia ou pré-diabetes.
Indicação do Mounjaro foi ampliada após estudos clínicos
A ampliação da indicação do Mounjaro só foi possível após a apresentação de estudos clínicos de fase 3, que comprovaram sua eficácia no tratamento da obesidade. Esses dados foram analisados pela Anvisa, que concluiu ser seguro e eficaz utilizar a tirzepatida para além do controle glicêmico. A substância é produzida pelo laboratório norte-americano Eli Lilly, e sua atuação no organismo promove efeitos significativos na redução de peso e melhora de outras condições relacionadas ao excesso de gordura corporal.
Resultados comprovam eficácia na perda de peso
Estudos apresentados pela Eli Lilly indicam que, após 72 semanas de uso, os pacientes que utilizaram o Mounjaro perderam, em média, 20,2% do peso corporal — o equivalente a cerca de 22,8 quilos. Para fins de comparação, usuários de medicamentos à base de semaglutida, como o Wegovy, tiveram redução média de 13,7%, ou 15 quilos. Outro destaque foi a redução da circunferência abdominal, parâmetro que indica o acúmulo de gordura visceral: com o uso da tirzepatida, a média foi de 18,4 centímetros a menos, contra 13 centímetros nos que usaram semaglutida.
Como age o Mounjaro e quais são seus efeitos
O Mounjaro é aplicado por meio de injeções semanais e atua como um duplo agonista dos hormônios GLP-1 e GIP, o que o diferencia de medicamentos como o Ozempic e Wegovy, que atuam apenas sobre o GLP-1. Essa dupla ação potencializa a sensação de saciedade e o controle glicêmico, resultando em maior eficácia no controle do peso. A dose inicial é de 2,5 mg, podendo ser aumentada até 15 mg, conforme orientação médica. Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, desconforto gastrointestinal e, em alguns casos, hipoglicemia, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico durante o tratamento.
Impacto da nova indicação no acesso ao tratamento
A inclusão da obesidade na bula do Mounjaro representa um avanço importante no tratamento da doença, conforme apontado por especialistas da área médica. O presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Fábio Trujilho, destacou que a formalização da indicação pode facilitar o reembolso parcial por planos de saúde e hospitais, além de ampliar o acesso dos pacientes ao medicamento. Segundo ele, trata-se de uma terapia de alta potência, que além de promover perda significativa de peso, também atua em comorbidades como apneia do sono e diabetes.
Preço e controle de venda no Brasil
O preço do Mounjaro varia de acordo com o canal de venda e o programa de fidelidade da farmacêutica. Dentro do programa “Lilly Melhor Para Você“, o medicamento é vendido com desconto:
- Dose de 2,5 mg: R$ 1.406,75 (online) e R$ 1.506,76 (loja física);
- Dose de 5 mg: R$ 1.759,64 (online) e R$ 1.859,65 (loja física).
Fora do programa, os valores sobem consideravelmente, podendo chegar a R$ 1.907,29 para 2,5 mg e R$ 2.384,34 para 5 mg, dependendo da alíquota do ICMS de cada estado.
Desde 1º de junho, a venda do Mounjaro estará sujeita à retenção de receita médica, conforme determinação da Anvisa publicada em abril. O medicamento também receberá tarja vermelha, o que indica que possui riscos intermediários de efeitos adversos e exige prescrição médica para uso.