Os incêndios que atingem as terras indígenas Capoto Jarina e o Parque Indígena Xingu, localizados nos municípios de São José do Xingu e São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, têm causado grandes danos ambientais e sociais. De acordo com dados recentes, mais de 110 mil hectares já foram consumidos pelas chamas, colocando em risco a vida das comunidades indígenas e devastando vastas áreas de floresta.
Incêndios nas terras indígenas Capoto Jarina e Parque Indígena Xingu
Desde janeiro de 2024, as terras indígenas Capoto Jarina e Parque Indígena Xingu têm enfrentado uma das piores temporadas de incêndios dos últimos anos. As informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) revelam que mais de 110 mil hectares já foram destruídos pelas chamas, com a terra Capoto Jarina perdendo 82,1 mil hectares, o que representa cerca de 12,9% de sua área total. Já no Parque Indígena Xingu, foram 34,3 mil hectares queimados, correspondendo a 1,3% de seu território.
Essas terras, além de serem o lar de muitas comunidades indígenas, abrigam uma biodiversidade rica e importantes áreas florestais, cuja destruição preocupa ambientalistas e lideranças indígenas.
Impacto nas comunidades indígenas
O impacto nas aldeias indígenas é profundo. De acordo com lideranças locais, o fogo, que teve início em 17 de agosto, se aproxima de várias aldeias, colocando em risco a saúde e o bem-estar dos habitantes. As queimadas não apenas destroem o território, mas também comprometem a subsistência dessas comunidades, que dependem de suas plantações e da floresta para sobrevivência.
As queimadas têm causado grandes prejuízos, destruindo roças e forçando os indígenas a procurar alternativas temporárias de moradia. O Parque Indígena Xingu, em particular, vem sofrendo com a perda de plantações essenciais, o que agrava ainda mais a crise alimentar e social que atinge essas populações.
Combate às chamas e esforços de prevenção
Atualmente, cerca de 40 brigadistas estão empenhados no combate ao fogo nas regiões afetadas, segundo informações da Defesa Civil. O supervisor federal do Prevfogo, Guto Dauster, destacou que os esforços estão concentrados em proteger a população e evitar que os focos de incêndio se alastrem para áreas habitadas.
As terras indígenas estão entre as mais atingidas pelas queimadas em Mato Grosso, que, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), já contabilizou 41 territórios indígenas afetados pelo fogo. O estado, que abriga 46 povos indígenas distribuídos em 86 terras, enfrenta uma das maiores crises ambientais de sua história, com incêndios devastando florestas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Mato Grosso lidera áreas queimadas no Brasil
O monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que o estado de Mato Grosso lidera o ranking de áreas queimadas no Brasil em 2024. De janeiro a agosto, o estado foi responsável por 21% da área total atingida pelo fogo no país, com 2,3 milhões de hectares queimados.
O bioma Cerrado foi o mais afetado durante esse período, com 2,4 milhões de hectares destruídos, representando 43% da área queimada em todo o Brasil. Em seguida, a Amazônia também sofreu com a devastação, contabilizando 2 milhões de hectares consumidos pelas chamas, números que refletem a gravidade da situação.