O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, registrou uma leve deflação em agosto de 0,02%, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A deflação é significativa, pois indica uma desaceleração nos preços em relação ao mês anterior, que havia apresentado alta de 0,38%.
Deflação em agosto: principais fatores
Os principais responsáveis pela deflação em agosto foram os setores de Habitação e Alimentação, segundo o relatório do IBGE. No caso da Habitação, a queda foi motivada pela redução nos preços da energia elétrica residencial.
A bandeira tarifária verde, implementada em agosto, eliminou cobranças extras nas contas de luz, revertendo o cenário anterior de bandeira amarela, que havia gerado aumento nos preços em julho. Essa mudança teve um impacto direto sobre o índice geral de preços, favorecendo a deflação observada no mês.
No setor de Alimentação e Bebidas, o recuo no custo da alimentação no domicílio foi um fator importante para o resultado de agosto. Essa foi a segunda queda consecutiva registrada para esse segmento.
Entre os alimentos que mais contribuíram para a deflação, destacaram-se a batata inglesa, com uma redução de 19,04%, o tomate, com queda de 16,89%, e a cebola, que registrou uma diminuição de 16,85%. Esses itens sofreram forte influência das condições climáticas mais amenas durante o período, favorecendo a produção e a oferta no mercado.
Os vilões e heróis da deflação
A energia elétrica foi o maior destaque na queda dos preços. Com o retorno à bandeira verde, sem custos adicionais nas tarifas de energia, o setor residencial experimentou uma redução expressiva, revertendo a alta anterior provocada pela bandeira amarela. O gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida, ressaltou que essa mudança tarifária teve um papel crucial na deflação de agosto.
No campo da alimentação, além dos produtos hortifrúti que tiveram maior oferta devido às condições climáticas, também foi observada uma maior estabilidade nos preços de alimentos processados. Isso ajudou a manter o IPCA em um patamar de estabilidade, contribuindo para que o índice fechasse o mês em deflação.
Almeida também afirmou que o clima favorável impulsionou o ritmo de colheita, especialmente para produtos como batata, cebola e tomate, intensificando a safra e aliviando os preços no mercado.
Apesar da deflação em agosto, o IPCA acumula uma alta de 2,85% no ano. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação é de 4,24%, ficando levemente abaixo das expectativas dos analistas, que previam uma inflação anual de 4,29%. Para o mês de agosto, a expectativa era de uma leve alta de 0,01%, porém, a deflação de 0,02% surpreendeu o mercado.