A taxa média de juros cobrada pelos bancos no rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas chegou a 432,3% ao ano em julho, atingindo o maior nível de 2024. Esse aumento acentuado ressalta as dificuldades enfrentadas pelos consumidores brasileiros e reforça a necessidade de cautela ao utilizar essa modalidade de crédito.
Cenário atual do Rotativo do Cartão de Crédito
Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa do rotativo do cartão de crédito apresentou uma alta significativa de 3,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior e de 8,9 pontos percentuais no trimestre. Embora em dezembro de 2023 a taxa estivesse em 442,1% ao ano, houve um breve recuo em janeiro devido à implementação de novas regras.
No entanto, a tendência de alta voltou a se manifestar nos meses subsequentes, colocando pressão sobre os consumidores que dependem dessa linha de crédito.
Desde 3 de janeiro, uma nova norma entrou em vigor, limitando a dívida de quem atrasa o pagamento da fatura do cartão de crédito a no máximo o dobro do montante original. Essa medida visa conter o crescimento desenfreado das dívidas, impondo um teto de 100% sobre o valor original da dívida contraída.
No entanto, a taxa média divulgada pelo Banco Central inclui dívidas que estavam no estoque antes dessa mudança, o que significa que as novas regras ainda não impactam totalmente a taxa média apresentada.
O rotativo do cartão de crédito continua sendo a linha de crédito mais cara disponível no mercado. Com uma taxa anualizada de 432,3%, o juro mensal médio alcança 14,95%, representando um grande risco para os consumidores que não conseguem quitar o valor total de suas faturas.
Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir a dívida do rotativo para o parcelado após um mês, o que oferece juros mais baixos. Em julho, a taxa do parcelado caiu para 178% ao ano, uma redução de 4,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Aumento da inadimplência e liberação de Crédito
A inadimplência no rotativo do cartão de crédito também apresentou um aumento, subindo 1,4 ponto percentual em julho e alcançando 55,9%, mais da metade do volume total de operações. Esse índice reflete a crescente dificuldade dos consumidores em lidar com as dívidas acumuladas nessa modalidade. Além disso, houve uma leve alta na liberação de crédito, com R$ 29,225 bilhões concedidos em julho, o que ainda está abaixo do pico de R$ 33 bilhões registrado em novembro de 2023.
Os dados do Banco Central também revelaram variações significativas no comportamento das instituições financeiras em relação ao acúmulo de juros no rotativo e no parcelado do cartão de crédito.
Em julho, a média de juros acumulados saltou de 52,9% para 58,8%, com destaque para o Itaú Unibanco, que atingiu 73,57%. Na outra ponta, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal apresentaram taxas significativamente mais baixas, com 31,73% e 33,77%, respectivamente.