O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novas projeções que indicam um cenário de declínio populacional no Brasil a partir de 2042. De acordo com o órgão, a população brasileira, atualmente em crescimento, deve atingir um pico de 220,43 milhões em 2041, seguido de uma redução constante, que levará o número de habitantes a menos de 200 milhões até 2070. Essa tendência foi identificada com base nos dados mais recentes do Censo Demográfico 2022 e na Pesquisa de Pós-Enumeração.
População Brasileira em declínio
O IBGE realizou uma revisão significativa em suas projeções populacionais anteriores, que haviam sido publicadas em 2018, antes da pandemia de COVID-19. Naquela época, a expectativa era de que a população brasileira atingisse um pico de 233,2 milhões em 2047, com a diminuição começando em 2048.
No entanto, novas informações sobre nascimentos, óbitos e migração, aliadas aos dados atualizados do Censo 2022, resultaram em uma antecipação desse declínio para 2042.
Marcio Minamiguchi, gerente de projeções e estimativas populacionais do IBGE, destacou que a tendência de crescimento populacional está se desacelerando. “A população vai continuar crescendo, mas a taxas cada vez menores. Em 2041, atingiremos o pico, e, a partir de 2042, começaremos a observar uma redução progressiva”, afirmou durante a apresentação dos dados.
A pandemia de COVID-19 influenciou significativamente a dinâmica demográfica, contribuindo para a redução de nascimentos e o aumento de óbitos. Esses fatores foram considerados nas novas projeções do IBGE, que apontam para uma alteração nas expectativas anteriores.
Minamiguchi ressaltou que a trajetória da fecundidade foi uma das variáveis mais impactadas. A fecundidade, que era projetada para se estabilizar, mostrou um declínio contínuo, afetando diretamente as projeções populacionais.
Para 2024, o IBGE estima uma população de 212,6 milhões. No entanto, essa tendência de crescimento deve se inverter em menos de duas décadas, com a fecundidade caindo para 1,44 filho por mulher até o início dos anos 2040, e uma ligeira recuperação esperada até 2070, quando a taxa deve ser de 1,5 filho por mulher.
Envelhecimento da População
Com a diminuição da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, o Brasil está em processo de transformação demográfica. A proporção de idosos na população deve aumentar significativamente, passando de 15,6% em 2023 para 37,8% em 2070. Em contrapartida, a proporção de crianças e adolescentes deve cair de 20,1% para 12% no mesmo período.
Essa mudança demográfica terá um impacto profundo na sociedade e na economia do país. O aumento da proporção de idosos trará desafios para a previdência social, que precisará lidar com uma maior pressão devido ao número crescente de beneficiários. Além disso, o envelhecimento da população pode reduzir a força de trabalho disponível, afetando o crescimento econômico.
Expectativa de vida e mortalidade infantil
Outro ponto relevante nas projeções do IBGE é o aumento da expectativa de vida ao nascer, que deve passar de 76,4 anos em 2023 para 83,9 anos em 2070. Essa longevidade será mais acentuada entre as mulheres, que continuarão vivendo mais do que os homens. Além disso, a taxa de mortalidade infantil, que hoje é de 12,5 óbitos por mil nascidos vivos, deve cair para 5,8 em 2070.
Esses indicadores refletem melhorias nas condições de saúde e qualidade de vida, mas também reforçam os desafios futuros, especialmente em relação ao cuidado e suporte a uma população cada vez mais envelhecida.
A população brasileira deve atingir seu pico em 2041, e o início da redução se dará a partir de 2042, acentuando-se nas décadas seguintes. O envelhecimento da população e a diminuição da fecundidade são fatores centrais nesse cenário, que exigirá políticas públicas eficazes para lidar com as novas demandas de uma sociedade em transformação.