O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), está conduzindo uma investigação que pode revelar uma suposta infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Corinthians, um dos maiores clubes de futebol do Brasil.
As suspeitas indicam que pessoas próximas à direção do clube possam estar envolvidas com o PCC, o que levanta questões sobre a utilização do clube em atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro.
Corinthians e o PCC
De acordo com informações obtidas pelo GAECO, a possível infiltração do PCC no Corinthians pode ter começado através do envolvimento do clube no carnaval. Essa prática de utilizar eventos culturais como porta de entrada para atividades criminosas já foi observada em outras ocasiões pelo crime organizado.
A principal preocupação das autoridades é que o PCC esteja utilizando o Corinthians como um meio para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas, uma estratégia que já foi identificada em investigações relacionadas a outros setores, como o transporte público e contratos com prefeituras em São Paulo.
Fontes internas do Corinthians relataram que pessoas ligadas à atual gestão do presidente Augusto Melo e de outros membros da cúpula do clube poderiam estar facilitando essa suposta infiltração. Embora até o momento não haja provas concretas que liguem diretamente o presidente do Corinthians ao crime organizado, a investigação está em andamento para esclarecer essas suspeitas.
A ligação entre o clube e o PCC, se comprovada, representaria um grave problema não apenas para a imagem do Corinthians, mas também para a segurança pública.
Depoimentos e andamento das investigações
Nesta semana, o jornalista Wagner Vilaron, que atuou como Superintendente de Comunicação do Corinthians no início da gestão de Augusto Melo, será ouvido pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. O depoimento de Vilaron pode fornecer informações importantes para o avanço das investigações.
Além dele, outras figuras relevantes dentro do clube já prestaram depoimento, como o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, conhecido como Rubão, que foi uma das primeiras pessoas a denunciar a possível infiltração do PCC no Corinthians.
O caso VaideBet, que também está sob investigação, pode estar conectado a essa possível infiltração. A empresa VaideBet rescindiu seu contrato de patrocínio com o Corinthians em junho, alegando violação de uma cláusula anticorrupção.
O contrato, que deveria durar três anos e tinha um valor total de R$370 milhões, foi interrompido após as primeiras suspeitas de irregularidades. As investigações em torno do caso VaideBet devem ser concluídas até o final do ano, com os investigadores atualmente analisando dados bancários obtidos por meio de quebras de sigilo autorizadas pela Justiça.
Outras possíveis portas de entrada do PCC no clube paulista
Além do carnaval, outras possíveis formas de infiltração do PCC no Corinthians estão sendo investigadas. Essas incluem a relação do clube com casas de apostas, torcidas organizadas e seguranças que trabalham no clube.
Essas áreas são consideradas vulneráveis e podem ter servido como pontos de entrada para a facção criminosa. A possibilidade de que o PCC esteja utilizando esses meios para se infiltrar no Corinthians é uma das principais linhas de investigação atualmente.
O Outro lado
Procurado pela reportagem, o Corinthians informou que aguardará o término das investigações para se pronunciar oficialmente sobre as suspeitas. O clube reafirmou que todas as suas negociações de patrocínio foram realizadas de forma legal e com empresas devidamente constituídas.