O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a lei das escolas cívico-militares, sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), devido a questionamentos sobre sua constitucionalidade. A palavra final sobre o programa ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL).
Contexto da Suspensão
O desembargador Figueiredo Gonçalves, responsável pela decisão, destacou as controvérsias constitucionais relacionadas ao programa, argumentando que sua implementação imediata não é recomendada até que o STF se pronuncie definitivamente sobre o tema.
O magistrado ressaltou que a Adin, apresentada pelo PSOL em maio deste ano, contesta a lei sob a alegação de que o governo estadual pretende substituir o sistema público de educação tradicional, e não coexistir com ele.
Reação e implicações da decisão
A suspensão da lei foi uma resposta a um pedido do Sindicato dos Professores da Rede Estadual de São Paulo, refletindo a preocupação dos educadores com as implicações do programa. A decisão do TJ-SP coloca em pausa a implementação das escolas cívico-militares no estado, à espera de um julgamento superior.
Na Adin em tramitação no STF, o PSOL argumenta que a intenção do governo de São Paulo é substituir o sistema educacional público tradicional, o que seria inconstitucional.
O desembargador Figueiredo Gonçalves frisou que o Supremo Tribunal Federal é o órgão competente para determinar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei, enfatizando a necessidade de uma decisão colegiada sobre a questão.
Aprovação da lei e controvérsias
A lei das escolas cívico-militares foi aprovada em 21 de maio pela Assembleia Legislativa de São Paulo, com 54 votos a favor e 21 contra, em uma sessão marcada por confrontos e a detenção de estudantes que protestavam contra a medida.
Desde então, a proposta tem sido alvo de críticas por parte de especialistas em educação, enquanto defensores, incluindo o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), têm expressado apoio ao projeto.
Desde a sanção da lei, diversas escolas estaduais têm realizado audiências públicas para decidir se adotam o modelo cívico-militar. Até 1º de agosto, 300 escolas já haviam realizado tais audiências, refletindo o interesse e a divisão de opiniões sobre o tema.
Com a manifestação do governo de São Paulo defendendo a constitucionalidade do projeto e o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), a ação ainda aguarda o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR). Somente após essa etapa, o processo será enviado para votação no Plenário do STF, onde o ministro Gilmar Mendes, relator da Adin, já indicou que a decisão será tomada de forma colegiada, dada a relevância da pauta.