O Polcast do site Opinião MT conversou com o pré-candidato do PT a Prefeitura de Cuiabá, Lúdio Cabral, que falou sobre a polêmica envolvendo a discussão acalorada com presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, que chegou dar um empurrão em Lúdio, durante sessão. Além disso, o parlamentar falou também sobre o projeto que prevê a obrigatoriedade do Executivo estadual em realizar licitação pública para definir a administração do BRT em Cuiabá e Várzea Grande e tarifa de R$ 1 real.
O pré-candidato ainda falou como deve conduzir a Prefeitura de Cuiabá, caso seja eleito, e quais serão as prioridades.
Confira abaixo como foi este bate-papo com o apresentador Haroldo Arruda, durante a gravação do polcast.
Haroldo: Faltou diplomacia com o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho? O que ficou destemperado?
Lúdio: “Eu não me recordo, na história do parlamentar estadual, de uma situação como a que aconteceu. É lamentável e falo isso com muita tristeza. O presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, demonstrou desequilíbrio emocional, uma truculência, uma violência, completamente sem sentido. Quem senta na cadeira de uma presidência tem que ter equilíbrio. Mas além do desequilíbrio e do despreparo e da falta de compostura, porque se empurra em plenário um colega parlamentar? Como que vai se comportar em situações de pressão e em situações em que ele estiver sendo contrariado?
Haroldo: Existe uma premissa nesse projeto de lei e você como deputado, conhece a política e tem experiência em leis, esse projeto apresentado por você não é inconstitucional?
Lúdio: “Apresentei um projeto de lei bem fundamentado que prevê primeiro e o mais importante: a obrigatoriedade da licitação da operação do BRT. Por várias razões como o estado ter investido R$ 500 milhões na obra, além de adquirir todos os ônibus novos e vai entregar esses ônibus para quem for operar o BRT. Para isso, precisa fazer uma licitação que estabeleça o parâmetro do custo desse sistema novo. A população de Cuiabá e Várzea Grande precisa ser reparada porque são 10 anos de sofrimento e de transtorno aguardando a conclusão dessa obra. São reféns hoje de um transporte de péssima qualidade que é executado pela empresa do irmão do Botelho. E o descontrole emocional do presidente Eduardo Botelho foi por causa disso. Quando eu estabeleço que a tarifa será R$ 1 real por no mínimo 5 anos. Um projeto de lei que estabelece despesa para o poder Executivo, apresentado por um parlamentar, ele deve estabelecer, qual é a fonte da receita para dizer qual a fonte da receita para a execução daquela despesa. E durante a sessão, o governador do estado assinou o contrato de venda dos vagões do VLT. E o valor dessa venda está na casa do R$ 1 bilhão de reais.
Haroldo: O Eduardo Botelho disse que é a favor da licitação, mas a passagem de R$ 1 real, não é inconstitucional?
Lúdio: “É viável com a fonte de recurso dos vagões. É um recurso novo que vai cair na conta do governo do estado que vai usar os recursos para as obras e para comprar os ônibus. Se pode comprar ônibus por R$ 250 milhões de reais e entregar para as empresas porque não pode, ao mesmo tempo, dizer: olha R$ 250 milhões é o que vai custear esse sistema durante 5 anos, ou seja, R% 40 milhões por ano e o estado para a tarifa ser R$ 1 real o estado vai arcar. Não para presentear o dono da empresa, mas o cidadão”.
Haroldo: Quem fez essa conta pra você da tarifa de R$ 1 real? O discurso é lindo, mas é viável? Hoje a passagem custa R$ 4 reais.
Lúdio: Esse valor da tarifa a R$ 1 real nós calculamos de acordo com o que custa o sistema do modal hoje. Há um contrato de aditivo ao contrato de concessão do atual sistema intermunicipal de transporte coletivo péssimo, de qualidade precária, que sacrifica a população de Cuiabá e de Várzea Grande. Este aditivo é assinado pelo irmão do Eduardo Botelho, dizendo lá o seguinte: quando o BRT entrar em funcionamento, eles serão indenizados e vão ser reembolsados pelo estado de todos os ônibus que eles tiverem nas linhas e tudo que eles tiverem de gasto serão reembolsados. A frota antiga, por exemplo, pode ser vendida. E mais grave: o BRT poderá ser operado por esta empresa. Isso vai depender da concordância do governo do estado, da prefeitura de Várzea Grande, e da prefeitura de Cuiabá. E o BRT será entregue quando? No mandato do próximo prefeito e o deputado Eduardo Botelho é candidato a prefeito de Cuiabá. O descontrole dele é que se aprovar o meu projeto de lei, será obrigatória a licitação.
Haroldo: Você vai entrar com alguma posição na Comissão de Ética com relação a decoro parlamentar pela atitude do Botelho?
Lúdio: Isso a minha assessoria está estudando. Eu quando escolhi o caminho que escolhi de entrar para a política, primeira coisa que eu coloquei na minha cabeça foi: estou no mandato para defender os interesses da população. Seja o que for e aconteça o que acontecer. Eu não tenho medo de quem tem poder político. E não é empurrãozinho em plenário que vai me tirar o compromisso que eu tenho que ter com a população. Não é descontrole emocional de quem vai, com a lei que eu propus, que vão perder dinheiro, que eu vou abaixar a cabeça. Vamos seguir com o que é de interesse público e vamos seguir com projeto para obrigar que tenha licitação e questionar esse contrato. O BRT é novo e tem que ter uma licitação nova.
Haroldo: Você já disse anteriormente, que Fávaro e Nery não me representam. E agora o Fávaro diz a você quem deverá ser o seu vice ou sugere. A luz do eleitor fica difícil de entender esse tipo de posicionamento…
Lúdio: A minha posição com relação ao agronegócio é exatamente a mesma. A defesa que eu faço da agroecologia, da pequena propriedade, da produção de alimentos saudáveis, sem veneno e que agrotóxico mata, eu mantenho. No meu diálogo com o Fávaro a linha é a mesma. A minha crítica sempre foi a este modelo de exploração. Eu nunca falei mal do Fávaro. O Fávaro hoje é ministro da Agricultura e presidente do PSD e tomou uma decisão madura de apoiar a minha pré-candidatura. Estamos construindo uma relação de respeito. Sem submissão de nenhum dos dois. A minha aliança com Fávaro mostra que lidero um projeto que não é somente do PT. Quando me tornar candidato a prefeito de Cuiabá vou liderar um projeto amplo, que terá pessoas de centro, de direita, de centro direita, de centro esquerda e de esquerda, pensando no bem comum da nossa cidade. A buraqueira na rua não tem ideologia. A fila na saúde não tem ideologia. A precariedade no transporte não tem ideologia. Quero fazer um governo de diálogo e sem brigas políticas. Eu quero parceria com o governador do estado e parceria com o presidente da República.