A Polícia Civil de Rondonópolis, através da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), desencadeou nesta segunda-feira (24) a segunda fase da Operação Cattus. A operação visa combater fraudes e adulterações em medidores de energia elétrica, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão contra indivíduos e empresas envolvidas.
A Operação Cattus
A operação, focada em coibir furtos e perdas de energia elétrica, executou 11 mandados judiciais, sendo quatro de prisão temporária e sete de busca e apreensão. A ação foi direcionada a pessoas físicas e jurídicas que se beneficiavam das fraudes.
A investigação conduzida pela Derf de Rondonópolis identificou que quatro pessoas estavam envolvidas na operacionalização da fraude. Entre os envolvidos está um estabelecimento comercial, que também foi alvo da operação.
As diligências revelaram que J.F.D.J. e outros comparsas se associaram para adulterar medidores de energia elétrica com a colaboração de funcionários terceirizados da Energisa, concessionária de energia elétrica do estado.
A Energisa relatou que, somente em 2023, a empresa perdeu 728 mil gigawatts devido a fraudes e furtos, representando 14% das perdas não técnicas. Essa perda resultou em um déficit de arrecadação de R$ 150 milhões em impostos para o estado.
Os indícios apontam que três dos investigados são sócios em uma empresa que presta serviços elétricos e eram responsáveis pela adulteração e instalação dos medidores fraudados. Um quarto membro da associação era encarregado de recrutar clientes e fornecer o software necessário para as fraudes.
Em fevereiro de 2022, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Cattus, investigando uma empresa com 15 unidades comerciais envolvidas em furto de energia elétrica. A perícia oficial e a Politec, juntamente com a concessionária de energia, constataram indícios de fraude em pelo menos oito lojas.
Modus Operandi
F.D.S.B., empregado de uma empresa terceirizada da Energisa, vendia lacres de segurança e uniformes da concessionária para que os fraudadores se passassem por funcionários legítimos. A associação criminosa não só adulterava os medidores, mas também orientava os clientes a como proceder para evitar detecção.
Funcionários terceirizados da Energisa em Cuiabá eram acionados para gerar ordens de serviço que facilitavam a instalação dos medidores adulterados. Eles recebiam R$ 300,00 por medidor trocado, garantindo que a fraude fosse executada sem chamar atenção.
F.D.S.B. também simulava fiscalizações para extorquir clientes da Energisa que usavam medidores adulterados. Vendia lacres de medidores por valores elevados, permitindo que outros membros da associação manipulassem os equipamentos sem levantar suspeitas.
A equipe da Derf descobriu que os fraudadores usavam um novo mecanismo de adulteração por leitura óptica, cobrando entre R$ 800,00 e R$ 1.000,00 por adulteração. Esse método exigia apenas um computador com grande capacidade de memória para operar.
A investigação revelou que diversos clientes, incluindo o dono de um lava jato, se beneficiaram do esquema criminoso. Em fevereiro de 2022, um investigado negociou a fraude para o estabelecimento, que foi indicado por outro cliente satisfeito com o serviço.
Os principais métodos de adulteração identificados foram o “controle”, que instala uma central no medidor para ser acionada conforme a conveniência do cliente, e o “bastão”, que altera o campo magnético do medidor sem violar o aparelho, semelhante a uma taser.
A Operação Cattus representa um esforço contínuo da Polícia Civil para combater fraudes em medidores de energia em Rondonópolis. As investigações continuam, com a expectativa de identificar mais envolvidos e reduzir as perdas econômicas e técnicas causadas por essas atividades criminosas. A colaboração da Energisa e o apoio técnico da Politec têm sido essenciais para o sucesso das operações.