O Brasil caiu para a 62ª posição no ranking mundial de competitividade do Institute for Management Development (IMD), uma das mais renomadas escolas de negócios suíças. Este resultado coloca o país à frente apenas de Peru, Nigéria, Gana, Argentina e Venezuela. O ranking deste ano é liderado por Singapura.
Ranking mundial de competitividade
Em 2023, o Brasil já havia perdido uma posição no ranking. No cenário atual, o país perdeu posições para África do Sul e Mongólia, e recuou mais uma posição com a inclusão de Porto Rico no ranking. A situação só não foi mais grave devido à inclusão de Nigéria e Gana e à queda do Peru da 55ª para a 63ª colocação.
A classificação do IMD é baseada em indicadores estatísticos e pesquisas de opinião com executivos e empresários. Dois terços da nota são determinados por indicadores estatísticos, enquanto o restante é baseado nas percepções de mais de cem executivos entrevistados pela Fundação Dom Cabral (FDC), parceira do IMD no Brasil. No total, são avaliados 336 indicadores.
Apesar de uma avaliação positiva em termos de desempenho econômico, como emprego e crescimento do PIB, o Brasil enfrenta dificuldades significativas em várias áreas. O país está entre os quatro piores em termos de custo de capital, legislação trabalhista, contas públicas e barreiras tarifárias. Essas áreas são cruciais para as políticas governamentais e afetam diretamente a competitividade do país.
Educação e acesso ao crédito
A educação continua sendo um desafio significativo para o Brasil. O país ocupa a penúltima posição no ranking tanto na educação básica quanto na superior. Além disso, as empresas enfrentam grandes dificuldades para acessar crédito, com o Brasil ocupando a última colocação neste aspecto.
O professor Hugo Tadeu, diretor do núcleo de inovação e tecnologias digitais da Fundação Dom Cabral, comentou ao Estadão: “Estamos caindo no ranking porque estamos asfixiando a cadeia produtiva brasileira. O custo de capital está cada vez maior e temos muito Brasília e pouco Brasil. Também não estamos focando em ciência, tecnologia, inovação e formação de mão de obra. Estamos deixando de lado essa agenda.”
Histórico do Brasil no Ranking do IMD
Desde 2020, quando ocupava a 56ª posição, o Brasil caiu seis posições. Esse declínio se deve tanto à inclusão de economias mais competitivas quanto ao avanço de países como Eslováquia, Jordânia e Croácia. Países como Cingapura, Suíça e Dinamarca, que lideram o ranking, destacam-se por políticas públicas eficazes, infraestrutura avançada e educação básica sólida, criando um ambiente propício à inovação e investimentos.
Desafios e perspectivas futuras
A Fundação Dom Cabral destaca que os principais desafios do Brasil para melhorar sua competitividade incluem a falta de programas de formação para gestores, ineficiência no setor público e burocracia excessiva. “O olhar macro, do nosso crescimento, é satisfatório, mas quando vamos para o micro, há muitos desafios. Se não tivermos uma agenda estratégica para o país, vamos continuar amargando essas posições,” observa Tadeu.
A competitividade global é um reflexo da capacidade de um país de promover um ambiente favorável para negócios e investimentos, e o Brasil tem um longo caminho a percorrer para se destacar entre as economias mais avançadas do mundo.