A compra de 263,3 mil toneladas de arroz pelo governo Lula, realizada no fim de maio de 2024, está gerando grande repercussão no cenário político nacional. As transações, realizadas por empresas sem tradição no mercado de arroz, levantaram suspeitas de fraude e falta de transparência, agora, a oposição quer abrir a chamada ‘CPI do Arrozão’ para investigar possíveis irregularidades no leilão.
Empresas sem experiência despertaram suspeitas da oposição
Entre as empresas vencedoras do leilão, destaca-se a Wisley A. de Sousa LTDA, operando como supermercado “Queijo Minas”, sediada no Amapá. A empresa, especializada na venda de leite e derivados, será responsável pela entrega de 147,3 mil toneladas de arroz, em um contrato superior a 736 milhões de reais.
Com um capital social de apenas R$ 80 mil e pouca experiência da empresa no mercado de arroz, somada à falta de informações disponíveis sobre suas operações, desperta questionamentos sobre a escolha da mesma para um contrato de tamanha magnitude.
Outro ponto que levanta suspeitas é a participação de um empresário de Brasília, que já admitiu ter pago propina no passado, na transação. Ele representa a ASR Locação de Veículos e Máquinas, sediada em Brasília, que foi a segunda empresa com maior arremate no leilão. A presença desse empresário no processo reforça as preocupações com a lisura das transações.
‘CPI do Arrozão’ Investigará Possíveis Irregularidades
Diante das diversas irregularidades apontadas, o deputado federal tenente-coronel Luciano Zucco (Republicanos-RS) apresentou um pedido para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a compra de arroz.
Cerca de 100 parlamentares já assinaram o requerimento, e a expectativa é que o número de assinaturas alcance o mínimo necessário (171) ao longo desta semana. A CPI buscará elucidar as denúncias de fraude e falta de transparência no processo, além de identificar os responsáveis pelas irregularidades.
Representação na PGR reforça suspeitas
Além da CPI, a oposição ao governo Lula também protocolou uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar possíveis fraudes no processo de compra do arroz. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) argumenta que, dos 28 lotes de arroz disponíveis, apenas 17 foram arrematados, e destaca que várias empresas envolvidas possuem baixo capital social.
A representação na PGR reforça as suspeitas de que o processo de compra foi direcionado e que empresas sem capacidade técnica e financeira foram favorecidas.
A compra de arroz importado pelo governo federal, uma medida tomada para regular o mercado interno, também gerou debate. Produtores nacionais argumentam que não há risco de desabastecimento do produto no Brasil e que a medida prejudica a produção local. A compra em si, somada às suspeitas de fraude e falta de transparência, intensificou as críticas ao governo Lula.
As suspeitas de fraude, falta de transparência e a participação de empresas sem experiência no mercado de arroz geraram grande debate e levaram à abertura da CPI do Arrozão para investigar o caso. A representação na PGR e as críticas dos produtores nacionais reforçam a necessidade de uma apuração rigorosa e transparente, a fim de garantir que os fatos sejam esclarecidos e que os responsáveis pelas irregularidades sejam punidos.