O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21), no qual relatou que ainda é alvo constante de ataques virtuais. Segundo ele, as ofensas surgiram após sua recusa em participar da suposta tentativa de golpe de Estado, logo após as eleições de 2022. Entre os xingamentos mais frequentes, ele destacou o uso do termo “melancia”, utilizado de forma pejorativa para descrever militares que, segundo os agressores, teriam posicionamento político alinhado à esquerda — ou seja, “verde por fora e vermelho por dentro”.
Ofensas como melancia e outras perseguições virtuais persistem
Durante o depoimento, Carlos Baptista Júnior relatou que os ataques não cessaram mesmo após o passar dos meses. De acordo com ele, perfis nas redes sociais, especialmente no X, ex Twitter, seguem publicando insultos diariamente, o que o levou a desativar suas contas. O termo “melancia” tem sido constantemente associado ao seu nome, numa tentativa de deslegitimar sua postura institucional e suas escolhas durante o período de crise democrática.
O militar reforçou que essas perseguições também afetaram diretamente sua família, que se tornou alvo de críticas e ataques. As ações, segundo ele, buscavam criar um ambiente de pressão psicológica para que ele reconsiderasse suas posições, o que não ocorreu.
Suposta pressão por parte de Braga Netto
Ainda em seu depoimento, Baptista Júnior confirmou ter recebido pressão direta do general da reserva Walter Braga Netto, que tentou convencê-lo a assinar um documento conhecido como “minuta do golpe”. Esse documento, segundo as investigações, previa uma série de medidas que tinham como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, consequentemente, alterar o resultado das eleições.
O ex-comandante da FAB afirmou que, mesmo diante das tentativas de intimidação, manteve-se firme em sua posição, sempre pautado pelos princípios democráticos e pelo respeito à Constituição. Ele ressaltou que resistiu às investidas, considerando-as tentativas fracassadas de desviá-lo do cumprimento do seu dever.
“Minha posição sempre foi firme. Entendo que era uma tentativa infrutífera de me desviar do caminho certo”, concluiu.
Depoimento ocorre no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe
O depoimento de Carlos de Almeida Baptista Júnior integra as investigações conduzidas pelo STF sobre uma possível tentativa de golpe de Estado no Brasil, que teria sido articulada após o resultado das eleições de 2022. A oitiva foi realizada pela Primeira Turma do Supremo e teve duração aproximada de uma hora e vinte minutos.
As autoridades apuram o envolvimento de diversos agentes civis e militares em ações que buscavam impedir a posse do então presidente eleito. Durante seu relato, o ex-comandante da FAB deixou claro que, apesar das constantes ofensas como ser chamado de melancia e das tentativas de coação, sua conduta permaneceu alinhada aos preceitos da democracia e da legalidade.