De acordo com informações do Colunista do Uol em Nova York, Jamil Chade, o governo dos Estados Unidos iniciou uma ação inédita contra terroristas na região da Tríplice Fronteira — entre Brasil, Argentina e Paraguai — com foco nas operações financeiras do grupo Hezbollah. A iniciativa inclui uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações que levem à desarticulação das fontes de financiamento da organização.
Combate ao Hezbollah na América do Sul
O Departamento de Estado norte-americano anunciou que está oferecendo uma recompensa permanente por dados que contribuam com a identificação e o rompimento das estruturas financeiras utilizadas pelo Hezbollah na América Latina. O alvo principal da operação é a Tríplice Fronteira, região conhecida por sua complexa dinâmica comercial e pouca fiscalização, o que, segundo as autoridades americanas, facilita a atuação de terroristas ligados ao grupo libanês.
A ação faz parte de uma estratégia mais ampla do governo norte-americano, especialmente sob a liderança de Donald Trump, para enfraquecer o regime iraniano e seus aliados estratégicos. O Hezbollah, classificado pelos Estados Unidos como uma organização terrorista desde 1997, tem sido um dos principais focos dessa política.
Fontes de financiamento ilícitas alimenta atividades terroristas
De acordo com o governo americano, o Hezbollah obtém recursos por meio de diversas atividades ilegais na região. Entre os crimes citados estão lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, contrabando de carvão vegetal, petróleo e diamantes, falsificação de moeda e documentos, além da comercialização de produtos de luxo de forma irregular. Tais práticas sustentariam operações do grupo em diferentes partes do mundo.
Além das ações ilícitas, o Hezbollah também opera através de atividades comerciais aparentemente legais, como empresas de construção civil, importação e exportação de mercadorias, venda de imóveis e investimentos em diversos setores da economia sul-americana. Estima-se que o grupo arrecade cerca de US$ 1 bilhão anualmente, combinando recursos enviados pelo Irã, contribuições de simpatizantes e lucros provenientes de negócios internacionais e corrupção.
Recompensas visam enfraquecer logística financeira dos terroristas
Com a recompensa anunciada, os Estados Unidos esperam reunir informações que ajudem a rastrear os doadores e facilitadores financeiros do Hezbollah. Também estão na mira instituições bancárias e casas de câmbio que possam estar envolvidas em movimentações suspeitas, empresas de fachada ligadas à compra de tecnologia de uso duplo e esquemas criminosos que gerem receita para a organização terrorista.
O programa de recompensas contempla ainda denúncias sobre negócios formalmente registrados, mas que atuam como disfarce para as operações de financiamento do Hezbollah na região.
Reunião com Flávio Bolsonaro levanta debate sobre terrorismo no Brasil
A ofensiva americana ocorre dias após uma reunião entre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e um representante do governo Trump em Brasília. Na ocasião, o parlamentar mencionou possíveis vínculos entre o grupo terrorista Hezbollah e organizações criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Bolsonaro defendeu a proposta americana de classificar essas facções como entidades terroristas.
Entretanto, o governo brasileiro rejeitou oficialmente a sugestão dos Estados Unidos. Autoridades brasileiras expressam preocupação com as possíveis consequências diplomáticas e econômicas da medida, como a imposição de sanções internacionais ao Brasil.