Cinco opositores do regime de Nicolás Maduro que estavam abrigados na Embaixada da Argentina em Caracas conseguiram deixar o país e já estão em solo dos Estados Unidos. A Embaixada da Argentina, tutelada temporariamente pelo governo brasileiro, serviu de refúgio ao grupo desde março do ano passado, diante da repressão intensificada às vésperas das eleições presidenciais.
Operação sigilosa na Embaixada da Argentina
A retirada dos cinco opositores foi realizada com apoio internacional, em uma operação discreta e sem divulgação prévia de detalhes. A missão contou com a participação direta dos Estados Unidos e resultou na concessão de salvo-condutos, autorizando a saída segura dos asilados. Segundo o jornal pró-regime Venezuela News, as autorizações foram fruto de negociações entre representantes internacionais e o governo de Nicolás Maduro.
Os opositores estavam ligados à líder política María Corina Machado e buscavam refúgio diante da perseguição judicial promovida pelo procurador-geral da Venezuela, alinhado ao chavismo. Eles passaram quase um ano sob proteção da Embaixada da Argentina, após a emissão de mandados de prisão.
Reações internacionais e papel dos EUA
Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, celebrou a chegada do grupo ao território norte-americano e classificou a operação como um “resgate bem-sucedido”. Em publicação oficial, Rubio destacou que os cinco indivíduos estavam sendo mantidos como reféns pelo regime de Maduro e ressaltou a importância da missão para a segurança regional.
Rubio também criticou duramente o governo venezuelano, apontando violações aos direitos humanos e o enfraquecimento das instituições democráticas no país. A Embaixada da Argentina foi citada como ponto central na estratégia de resgate, sendo o local onde os opositores permaneceram em segurança até a retirada.
Brasil ficou de fora da operação
Apesar de ter assumido a custódia da Embaixada da Argentina após a expulsão dos diplomatas argentinos por ordem do regime chavista, o Brasil não participou diretamente da operação que levou os opositores aos EUA. De acordo com informações, o Itamaraty solicitou a concessão de salvo-condutos, mas não foi informado sobre os detalhes da articulação final conduzida pelos norte-americanos.
O episódio ocorre em meio a tensões diplomáticas, intensificadas após críticas do presidente argentino Javier Milei ao governo Maduro. Em resposta, a Venezuela expulsou a missão diplomática argentina e ameaçou romper o acordo de custódia firmado com o Brasil. Ainda assim, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou, à época, que continuaria responsável pela embaixada até que outro país fosse designado como substituto.
Caso Fernando Mottola: o sexto membro
O grupo original de asilados era composto por seis pessoas. Em dezembro do ano anterior, Fernando Martínez Mottola, um dos membros, deixou a Embaixada da Argentina após obter liberdade condicional concedida pelas autoridades venezuelanas. No entanto, Mottola faleceu em fevereiro deste ano, vítima de complicações de saúde, encerrando de forma trágica sua trajetória marcada pela perseguição política.
A saída dos cinco opositores venezuelanos da Embaixada da Argentina em Caracas e sua chegada aos Estados Unidos representa um desfecho significativo em meio à repressão política enfrentada por dissidentes do regime de Nicolás Maduro.