O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, se prepara para deixar o governo. Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, Lupi se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (2), às 16h, para oficializar seu pedido de demissão. A saída ocorre em meio a uma crise envolvendo denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que colocaram o nome de Lupi no centro das atenções.
Pressão política e articulações partidárias
Aliados do PDT, partido de Carlos Lupi, têm aconselhado o ministro a se afastar do cargo para conter os danos à sua imagem e à gestão do governo federal. A orientação do partido é que ele sustente publicamente que as irregularidades no INSS tiveram origem na administração anterior, sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro. A estratégia busca redirecionar o foco e preservar o capital político do partido e do próprio ministro.
Internamente, o governo avalia que a permanência de Lupi no ministério vem contribuindo para manter o escândalo na pauta dos principais veículos de imprensa. Mesmo que não haja provas diretas de sua responsabilidade nas fraudes, auxiliares do presidente Lula consideram que sua saída poderá ajudar a amenizar o impacto negativo sobre a gestão atual.
Fraudes milionárias e demora na resposta
O escândalo que pressiona Carlos Lupi envolve fraudes no pagamento de aposentadorias e descontos indevidos em benefícios do INSS. O prejuízo acumulado entre 2019 e 2024 foi estimado em R\$ 6,3 bilhões. Embora o governo tenha sinalizado a intenção de ressarcir os aposentados prejudicados, ainda não foi apresentado um plano detalhado de compensação.
O nome de Lupi passou a ser questionado com mais intensidade após a revelação de que ele teria sido alertado sobre os descontos irregulares em junho de 2023. No entanto, só tomou medidas concretas cerca de 10 meses depois. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmada por documentos oficiais consultados pelo site Poder360.
Reuniões do CNPS apontam omissão
As atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) mostram que a primeira menção ao problema foi registrada em 12 de junho de 2023. Apesar disso, o tema só foi oficialmente inserido na pauta do colegiado na reunião de 24 de abril de 2024. Carlos Lupi preside o CNPS, que é composto por representantes do Ministério da Previdência, do INSS, de entidades patronais, sindicatos e associações de aposentados.
A demora em responder aos alertas foi considerada grave por especialistas e tem sido um dos principais argumentos utilizados por críticos e pela oposição para defender sua saída.
Carlos Lupi enfrenta um dos momentos mais delicados de sua trajetória política. A decisão de pedir demissão do Ministério da Previdência Social ocorre em meio a um escândalo bilionário envolvendo o INSS e coloca em xeque a eficácia da gestão ministerial. A reunião com o presidente Lula nesta sexta-feira deve selar sua saída, enquanto o governo tenta conter os danos e buscar soluções para restituir os aposentados lesados. O episódio marca mais um capítulo sensível na relação entre o Executivo e as instituições de controle social.