Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, o Vaticano anunciou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, após complicações de saúde. O comunicado oficial foi feito pelo Cardeal Kevin Farrell, por meio de seu canal no Telegram, informando que o líder da Igreja Católica “Morre Papa Francisco, retornou à casa do Pai” às 7h35, no horário de Roma.
A morte do Papa Francisco e seu estado de saúde recente
O Papa Francisco enfrentava problemas pulmonares e havia sido internado por 38 dias no início deste ano com um quadro de pneumonia. Após receber alta em 23 de março, o pontífice mantinha agenda pública restrita para focar na recuperação. Mesmo assim, no último domingo de Páscoa, 20 de abril, fez uma breve aparição na Praça São Pedro, onde abençoou os fiéis presentes.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes italianos, teve uma infância modesta e chegou a se formar técnico em química antes de iniciar sua formação religiosa. Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus e foi ordenado sacerdote em 1969.
Em 1998, assumiu o posto de arcebispo da capital argentina. Ficou conhecido por sua simplicidade, recusando luxos e utilizando transporte público. Suas ações sempre tiveram forte apelo social, voltadas às populações carentes e periferias urbanas. Em 2001, foi elevado ao posto de cardeal pelo então Papa João Paulo II.
Eleição como Papa e primeiros marcos
Após a renúncia do Papa Bento XVI em 2013, Bergoglio foi escolhido como novo líder da Igreja Católica no Conclave realizado em março daquele ano. Com a eleição, tornou-se o 266º papa e o primeiro da América Latina, o primeiro jesuíta e também o primeiro a adotar o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis.
O início de seu pontificado foi marcado por iniciativas de reformas administrativas no Vaticano, com foco na transparência financeira e no combate a abusos sexuais. Também se destacou por dar ênfase à responsabilidade social da Igreja, promovendo um discurso inclusivo e voltado à justiça social.
Viagens internacionais e mediação diplomática
O Papa Francisco visitou diversos países ao longo de seu pontificado. Passou por Brasil, Cuba, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos — nesta última, foi o primeiro pontífice a pisar na Península Arábica. Participou de negociações diplomáticas importantes, como o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos em 2014.
O pontífice manteve uma presença ativa em questões internacionais, defendendo a paz e o diálogo inter-religioso. Em diversas ocasiões, fez apelos por cessar-fogo e soluções diplomáticas, como no caso do conflito entre Israel e Palestina.
Declarações polêmicas e posicionamentos
Durante seu papado, Francisco fez declarações que repercutiram mundialmente. Em relação à comunidade LGBT+, afirmou que não cabe a ele julgar uma pessoa que busca a Deus, mesmo sendo homossexual. Em 2023, declarou que “ser homossexual não é crime”, mantendo, porém, a posição tradicional da Igreja de que os atos são considerados pecado.
Sobre o aborto, reforçou a posição da Igreja Católica, declarando que “o aborto nunca pode ser apresentado como um direito humano” e questionou: “É justo eliminar uma vida humana para resolver um problema?”.
Envolvimento político e críticas
O Papa Francisco adotou um discurso progressista, o que o aproximou de líderes políticos de esquerda. Recebeu figuras como Evo Morales, que presenteou o pontífice com um crucifixo sobre uma foice e um martelo. Também teve encontros com líderes como Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro.
Suas encíclicas, como Fratelli Tutti (2020), trouxeram duras críticas ao sistema econômico global e ao que chamou de “capitalismo desenfreado”, defendendo um modelo mais solidário. Ainda que o Papa tenha negado filiação ideológica, seu posicionamento gerou reações em setores conservadores da Igreja, que o acusaram de alinhamento político.