*Sêmia Mauad/ Opinião MT
A acusada de matar a adolescente de 16 anos grávida, Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, foi denunciada pelo Ministério Público Estadual e vai responder na justiça por oito crimes: tentativa de aborto, subtração do recém-nascido da vítima, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular, uso de documento falso e também por feminicídio.
“Nataly tratou Emelly como um mero objetivo reprodutor, um ´recipiente` para o bebê que desejava, demonstrando total desprezo pela sua integridade corporal e autodeterminação. A conduta de Nataly revela a coisificação do corpo feminino, reduzindo-o à sua função reprodutiva, como evidenciado pelo fato de ter mantido contato com a vítima por meses apenas com o intuito de monitorar o desenvolvimento de sua gestação e, no momento oportuno, apropriar-se violentamente do fruto de seu ventre”, diz trecho da denúncia.
Nataly Helen matou a adolescente grávida, Emelly Sena, de 16 anos, porque queria ficar com a recém-nascida. Segundo a denúncia do MP, a acusada atraiu a vítima com a promessa de doação de roupas para a filha dela. Quando a vítima chegou no endereço combinado para a retirada das doações, ela foi imobilizada e asfixiada. A suspeita fez o parto da recém-nascida, com a adolescente ainda viva. Segundo informações da Politec, a vítima morreu devido ao intenso sangramento.
“Nataly realizou uma cesárea improvisada na vítima ainda com sinais vitais, sem qualquer anestesia ou procedimento para minimizar a dor, causando-lhe sofrimento físico intenso e desproporcional”, diz trecho da denúncia do Ministério Público.
O crime foi cometido no dia 12 de março deste ano. Depois de praticar o parto, na qual deixou Emelly com um grande ferimento no ventre para que a bebê fosse retirada, a adolescente foi enterrada no quintal da casa, que fica no Bairro Florianópolis, em Cuiabá, em uma cova rasa. A grávida foi encontrada com as pernas do lado de fora pela polícia.
A acusada limpou o local do crime e, em seguida, seguiu para um hospital, onde afirmou ter tido a recém-nascida em casa, em parto natural. Exames bioquímicos mostraram que os resultados eram incompatíveis com o de uma mulher grávida. A Polícia então foi chamada pela equipe médica do hospital. A suspeita chegou, inclusive, a manipular exames indicando que estaria grávida na tentativa de enganar os familiares.
A investigação efetuada pela polícia ainda indicou que Nataly procurou e manteve contato com outras mulheres grávidas. E que a vítima foi contactada pelo whatsapp, em um grupo que realizava entre as integrantes, troca de itens de bebê e doações. A grávida de nove meses foi atraída pela suspeita com a promessa de que ela daria roupas para a bebê de Emelly.
Nataly, ainda segundo a polícia, tinha três filhos e queria uma menina. Ela já havia feito laqueadura.