A China anunciou, nesta terça-feira (4), a suspensão temporária da compra de carne bovina de três frigoríficos brasileiros. A decisão, comunicada pela Administração Geral de Aduanas da China (GACC), afeta unidades da JBS, Frisa e Bon-Mart. O governo brasileiro já foi notificado e trabalha para entender os detalhes da medida, que ocorre em meio a uma investigação sobre as importações do produto.
Suspensão da compra de carne bovina atinge frigoríficos brasileiros
A medida da GACC impacta uma unidade da JBS em Mozarlândia (GO), uma da Frisa em Nanuque (MG) e outra da Bon-Mart em Presidente Prudente (SP). A JBS, uma das maiores empresas do setor, informou que está tratando do assunto por meio da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abiec). Segundo fontes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o governo brasileiro recebeu a notificação e está traduzindo o documento para compreender os motivos da suspensão.
A Abiec destacou que auditorias remotas realizadas pela GACC identificaram inconsistências em relação aos requisitos sanitários chineses. Como resultado, a aduana chinesa decidiu suspender temporariamente as importações desses frigoríficos a partir de 3 de março de 2025. A entidade ressaltou, no entanto, que os demais estabelecimentos habilitados continuam operando normalmente, mantendo o fluxo de exportações de carne bovina para a China.
Impacto no mercado internacional
A China é o maior comprador de carne bovina brasileira, responsável por 46% das exportações do produto em 2024. No ano passado, o país asiático adquiriu 1,33 milhão de toneladas, gerando um faturamento de US$ 6 bilhões para o Brasil. A suspensão temporária de três frigoríficos pode afetar parte desse volume, mas a Abiec garante que o impacto será limitado, já que outros fornecedores continuam operando.
Além do Brasil, a medida também atinge frigoríficos na Argentina, Uruguai e Mongólia. O governo chinês esclareceu que a suspensão não está diretamente relacionada à investigação sobre salvaguardas na compra de carne bovina, iniciada dois meses antes. A investigação foi aberta após um aumento significativo nas importações do produto, o que levou empresas e produtores chineses a pedirem medidas protecionistas.
Medidas protecionistas e o papel da OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) permite que países adotem medidas protecionistas como forma de defesa comercial. No caso da China, isso pode incluir a imposição de sobretaxas ou cotas de importação para a compra de carne bovina. O processo de investigação está em andamento e pode durar até um ano, dependendo das conclusões e das negociações entre os países envolvidos.
Enquanto isso, as empresas brasileiras afetadas já foram notificadas e estão adotando medidas corretivas para atender às exigências sanitárias da China. A Abiec, em parceria com o Mapa, mantém diálogo com as autoridades chinesas para resolver a situação o mais rápido possível.