A alta dos preços do café no Brasil trouxe um novo desafio: a proliferação do “cafake”, ou café fake, produtos falsificados que imitam o café tradicional, mas comprometem a qualidade e geram preocupação para a saúde e a economia.
O que é o Cafake e Como Surgiu?
A palavra “cafake” é uma junção de “café” e “fake”, utilizada para descrever misturas clandestinas que imitam o café convencional. Produzidos com polpa, cascas, folhas e até galhos, esses produtos estão sendo comercializados como uma alternativa barata, principalmente em supermercados de São Paulo e da Região Sul.
O aumento no custo da matéria-prima, como insumos agrícolas, energia e mão de obra, aliado à alta demanda no mercado externo, fez com que o preço do café legítimo disparasse. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço elevado e os estoques reduzidos abriram espaço para a fabricação e venda desses produtos falsificados.
Impactos na indústria e nos Consumidores
O diretor da Abic, Celírio Inácio da Silva, alerta para os danos causados pelo “cafake”. Além de ser um desrespeito aos 330 mil produtores de café no Brasil, é uma fraude econômica que coloca em risco a saúde pública. Embora as embalagens sejam semelhantes às de marcas renomadas, esses produtos não contêm café de verdade, o que engana o consumidor.
A Abic também destacou que a venda do “cafake” prejudica as 1,3 mil indústrias legítimas do setor. As resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que antes regulamentavam a comercialização de novos produtos e ingredientes, foram revogadas, dificultando o combate a essas misturas.
Como Identificar o “Cafake”?
Identificar o “cafake” exige atenção às embalagens. De acordo com a legislação brasileira, é obrigatório que os ingredientes sejam listados em ordem decrescente de concentração. Produtos com as palavras “sabor” ou “tipo” devem ser evitados, dando preferência ao rótulo “pó de café”.
Outro fator que pode indicar a presença de “cafake” é o preço. Enquanto o pacote de meio quilo de café tradicional custa, em média, R$ 30, os produtos falsificados são vendidos por valores inferiores, chegando a R$ 13,99.
Embora produtos similares não sejam necessariamente prejudiciais à saúde, sua qualidade é inferior ao original. No caso do “cafake”, a Abic reforça que qualquer novo alimento ou ingrediente precisa de autorização da Anvisa para garantir a segurança do consumo.
A revogação das resoluções RDC 27/2010 e RDC 240/2018 pela Anvisa deixou uma lacuna na regulamentação, dificultando o controle desses produtos no mercado. Apesar disso, órgãos de defesa agropecuária, vigilância sanitária e associações do varejo trabalham em conjunto com a Abic para combater as fraudes.