A Marinha do Brasil instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar indícios de corrupção na Marinha envolvendo integrantes do comando da instituição. A decisão foi tomada em 22 de janeiro, dias após a Polícia Federal (PF) interceptar um saque de R$ 345 mil em uma agência bancária situada dentro da Base Naval de Niterói, no Rio de Janeiro.
Corrupção na Marinha do Brasil
O montante foi retirado pelo empresário André Martinez, cujo nome está vinculado a contratos com a Marinha. A ação gerou suspeitas após uma denúncia anônima indicar que a quantia seria destinada a um membro do Comando da Marinha em troca de um favor dentro da instituição. Diante da gravidade das acusações, a PF apreendeu o celular do empresário e o conduziu para depoimento.
O caso foi rapidamente repassado ao Ministério Público Militar, que, em 8 de janeiro, solicitou que a própria Marinha conduzisse uma apuração interna para esclarecer os fatos.
Empresa de Martinez recebeu R$ 120 milhões em contratos
A Transuniversal Pinturas, de propriedade de André Martinez, é uma das empresas contratadas pela Marinha para serviços diversos. Desde 2011, a companhia já recebeu mais de R$ 120 milhões em pagamentos do Comando da Marinha. Além disso, a empresa possui contratos com o Arsenal da Marinha e a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), ambas ligadas ao setor naval.
Esses valores despertaram questionamentos sobre a relação da empresa com a instituição militar e se há possíveis irregularidades na execução dos contratos.
Em declaração ao portal Metrópoles, André Martinez afirmou que o saque realizado na Base Naval de Niterói tinha como finalidade o pagamento de funcionários. Segundo ele, muitos trabalhadores da empresa não possuem conta bancária, o que exigiria a retirada de valores em espécie.
Martinez acrescentou que os saques ocorrem frequentemente nos dias 5 e 20 de cada mês para atender às obrigações trabalhistas. No dia do flagrante, o montante sacado teria sido maior devido ao encerramento de um contrato com a Marinha, necessitando o pagamento de rescisões.
O empresário refutou qualquer irregularidade e alegou que a Transuniversal Pinturas sempre obedeceu aos processos licitatórios e cumpriu as normas contratuais vigentes.
Marinha reforça compromisso com a transparência
Por meio de nota oficial, a Marinha afirmou que não comenta investigações em andamento. No entanto, reforçou seu compromisso com os princípios de ética, transparência e legalidade, assegurando que todas as suspeitas serão devidamente apuradas.
A instituição também ressaltou que qualquer irregularidade comprovada resultará na adoção das medidas cabíveis, conforme a legislação militar e civil.
A suspeita de corrupção na Marinha levanta questionamentos sobre a gestão dos contratos públicos e o rigor na fiscalização de transações financeiras dentro das instituições militares. A abertura do inquérito busca esclarecer se houve pagamento de propina e se algum membro do Comando da Marinha está envolvido. Enquanto isso, as investigações seguem em andamento sob acompanhamento da Polícia Federal e do Ministério Público Militar.