O ano de 2024 ficará marcado como um dos mais desafiadores para as empresas estatais brasileiras, especialmente no que diz respeito ao déficit das estatais federais. Com um rombo acumulado de R$ 8 bilhões, o país registrou o pior desempenho fiscal desde o início da série histórica, iniciada em 2001. Dados divulgados pelo Banco Central apontam que as empresas públicas federais foram responsáveis por grande parte deste prejuízo, enquanto as estaduais e municipais também apresentaram números deficitários significativos.
Os números alarmantes do déficit das estatais em 2024
De acordo com informações oficiais, o déficit primário total das empresas estatais chegou a R$ 8 bilhões em 2024, consolidando-se como o maior registrado na história recente. Esse montante inclui dados de empresas públicas vinculadas à União, Estados e municípios, excluindo grupos como Petrobras e Eletrobras, além de bancos públicos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
O déficit das estatais federais, especificamente, foi responsável por quase 85% do total, somando impressionantes R$ 6,7 bilhões. Esse valor é dez vezes superior ao déficit registrado pelas mesmas empresas em 2023, que havia sido de R$ 656 milhões. Já as estatais controladas por governos estaduais e municipais registraram déficits de R$ 1,3 bilhão e R$ 39 milhões, respectivamente.
Ao comparar os resultados dos últimos dois anos, nota-se uma tendência preocupante. Durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o déficit acumulado pelas estatais alcançou R$ 10,3 bilhões, configurando-se como o pior desempenho do século XXI até o momento.
Um dos destaques negativos do ano foi o desempenho dos Correios, que sozinho acumulou um déficit de R$ 3,2 bilhões. A ministra Esther Dweck tentou contextualizar o cenário, argumentando que parte do déficit pode ser atribuída a investimentos realizados ao longo de 2024. “Esses investimentos estão sendo custeados com recursos já disponíveis no caixa das companhias”, afirmou. Além disso, ela destacou que algumas empresas com lucros expressivos também podem registrar déficits temporários devido às estratégias financeiras adotadas.
Prejuízo em quase todas as estatais federais
Das 11 empresas que fecharam o ano no vermelho, nove apresentaram lucro até o terceiro trimestre. O déficit das estatais federais não afeta apenas os balanços financeiros dessas empresas, mas também tem implicações diretas na economia nacional.
As estatais desempenham papéis estratégicos em áreas como infraestrutura, energia, comunicação e transporte. Quando essas empresas operam no vermelho, há risco de comprometimento de serviços essenciais à população.
Além disso, o aumento do déficit pode pressionar ainda mais as contas públicas, exigindo ajustes fiscais ou cortes orçamentários em outras áreas prioritárias. Para especialistas, é fundamental que o governo adote medidas eficazes para reverter essa tendência e garantir a sustentabilidade financeira das empresas públicas.