O dólar ultrapassou os R$ 6,00 nesta quinta-feira (28), esta é primeira vez que a moeda brasileira se desvaloriza tanto desde sua circulação em 1994. O salto da moeda ocorreu após o anúncio de um pacote de contenção de gastos pelo governo, acompanhado de uma inesperada reforma do Imposto de Renda (IR). Às 13h37, a moeda norte-americana registrava alta de 1,52%, sendo negociada a R$ 6,003 na venda, marcando um patamar histórico e gerando fortes reações do mercado.
Dólar ultrapassou os R$ 6,00 e aterrorizou o mercado
No início do dia, às 9h10, o dólar comercial já indicava alta de 1,01%, cotado a R$ 5,970 na compra e R$ 5,972 na venda. Durante a manhã, atingiu a máxima de R$ 5,999. No mercado futuro da B3, o contrato com vencimento mais próximo também refletiu o clima de apreensão, registrando avanço de 0,60%, atingindo 5.995 pontos.
Em resposta à instabilidade, o Banco Central (BCB) anunciou um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional, visando a rolagem de vencimentos de janeiro de 2025. A estratégia busca minimizar as pressões sobre a moeda e fornecer liquidez ao mercado em meio às incertezas econômicas.
O mercado está reagindo ao pacote fiscal apresentado nesta quarta-feira (28) e detalhado nesta quinta-feira (29), visa uma economia de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026, com projeção de impacto de R$ 327 bilhões até 2030. Apesar do objetivo de fortalecer as contas públicas, o anúncio provocou uma reação negativa no mercado, devido à inclusão de medidas que não haviam sido previamente sinalizadas, como alterações nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O governo propôs a vedação de deduções de renda que não estejam previstas em lei e a inclusão de rendas de cônjuge, companheiro não coabitante e familiares como critérios para acesso ao benefício. A surpresa na divulgação dessas alterações gerou dúvidas sobre a transparência e o compromisso do governo em manter o equilíbrio fiscal.
Reforma do Imposto de Renda eleva preocupações
A reforma do IR, apresentada em conjunto com o pacote de contenção de gastos, ampliou as incertezas. Entre as mudanças, está a isenção para rendas de até R$ 5 mil, medida que foi recebida com ceticismo por analistas.
Eles apontam que essa decisão pode comprometer ainda mais a capacidade de arrecadação do governo, especialmente em um momento que exige medidas rigorosas para o ajuste fiscal.
Segundo especialistas ouvidos pelo OpiniãoMT, o mercado já aguardava com apreensão as novas diretrizes fiscais, previstas inicialmente para após o segundo turno das eleições municipais. A combinação de uma reforma tributária inesperada com medidas de contenção de gastos amplificou o nervosismo, levando à alta do dólar e à retração de investimentos.