O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a soltura de 15 condenados pela Justiça, acusados de integrarem uma quadrilha que chefiava o tráfico de drogas em Campinas (SP). Entre os locais citados está a Vila Formosa, onde criminosos utilizavam galerias de águas pluviais para o comércio ilegal de entorpecentes.
Decisão do STF e seus Beneficiados
A decisão foi comunicada à Justiça de Campinas na última terça-feira (19) e beneficia indivíduos presos no âmbito da Operação Sumidouro, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) em 2023. Entre os condenados, estavam homens e mulheres que aguardavam o julgamento de recursos, cumprindo prisão preventiva ou domiciliar.
Os 15 condenados receberam penas que previam regime inicial semiaberto, relacionadas aos crimes de organização criminosa e associação ao tráfico de drogas. Contudo, o ministro Edson Fachin considerou que manter os réus em prisão preventiva ou domiciliar violava a legislação, já que essas medidas são mais severas do que o regime semiaberto estipulado.
Dessa forma, a concessão do habeas corpus atende ao entendimento jurídico de que a privação total de liberdade, como ocorre em prisões preventivas ou domiciliares, não é compatível com a pena fixada para os condenados.
Conforme determinação do STF, a Secretaria de Administração Penitenciária será responsável por liberar os presos assim que os alvarás de soltura forem expedidos, desde que não haja outras ordens judiciais em vigor contra os mesmos. Entre os beneficiados pelo habeas corpus, destaca-se Claudemir Antonio Bernardino da Silva, conhecido como “Guinho”, apontado como líder da organização criminosa.
Contexto da Operação Sumidouro em Campinas
A Operação Sumidouro foi desencadeada após uma investigação minuciosa iniciada em abril de 2022, quando Guinho foi preso em uma mansão localizada em um condomínio fechado no distrito de Sousas, Campinas. Durante a operação, autoridades apreenderam celulares, registros de contabilidade do tráfico, armas de fogo e aproximadamente R$ 308 mil.
A partir das evidências recolhidas, o MP-SP concluiu que Guinho comandava diversos pontos de tráfico de drogas na cidade, incluindo áreas onde estruturas subterrâneas eram utilizadas para esconder e comercializar entorpecentes. Essas informações foram cruciais para a condenação em primeira instância dos membros da quadrilha.
Impactos locais e repercussão
A decisão trouxe repercussão em Campinas, cidade que luta contra o avanço do tráfico de drogas em bairros como a Vila Formosa, conhecidos pela complexidade de atuação de organizações criminosas. A liberação de condenados ligados ao tráfico gera discussões sobre a eficácia do sistema judiciário e a capacidade de reintegração social.
O caso evidencia a delicada relação entre a aplicação da lei e as estratégias de combate ao crime organizado. Para muitos, a soltura de integrantes de uma quadrilha que movimentava grandes quantias de dinheiro e operava com um esquema estruturado demonstra fragilidades no sistema penal.