Uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC), ainda em fase de coleta de assinaturas na Câmara dos Deputados, visa alterar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para eliminar a escala 6×1, que permite uma folga a cada seis dias de trabalho. O assunto tem gerado amplo debate, mobilizando ativistas e repercutindo nas redes sociais.
Escala 6×1: debate nas redes e mobilização popular
Neste sábado (9), a discussão sobre o fim da escala 6×1 foi um dos temas mais comentados na rede social X, antigo Twitter, com mais de 84,9 mil menções até o início da tarde. O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), defensor da proposta, organizou um “panfletaço” no centro de São Paulo, incentivando os participantes a comparecerem vestidos de preto em sinal de apoio à causa. A mobilização busca chamar atenção para o que consideram ser uma jornada de trabalho desgastante.
A PEC conta com o patrocínio da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que lidera os esforços para coletar as 171 assinaturas necessárias para que a proposta comece a tramitar oficialmente na Câmara dos Deputados. De acordo com a Constituição, uma PEC só pode ser discutida após receber apoio de pelo menos um terço dos parlamentares de cada casa legislativa.
A escala 6×1 é comumente adotada em setores como comércio, restaurantes, supermercados, farmácias e serviços de atendimento, permitindo que empresas que operam todos os dias da semana organizem as jornadas com seis dias trabalhados para cada dia de descanso.
Críticos argumentam que essa organização contribui para o aumento de casos de burnout e de exaustão entre trabalhadores, especialmente em atividades que demandam contato direto com o público e longas horas em pé.
Apoio e resistência no Congresso
Atualmente, a PEC tem 71 assinaturas, segundo o site Congresso em Foco, incluindo parlamentares do PSOL, PT e de partidos como PSD, PDT, União Brasil, Republicanos, Avante, PC do B, PSDB e até do PL. Contudo, defensores do fim da escala 6×1 criticam a falta de adesão de setores da esquerda.
Para o vereador eleito Rick Azevedo (PSOL), fundador do VAT, o Partido dos Trabalhadores (PT) deveria se posicionar claramente a favor da medida, especialmente por ser um partido tradicionalmente ligado às causas dos trabalhadores.
Durante entrevista ao UOL, Rick Azevedo criticou a escala 6×1, classificando-a como um modelo que limita a qualidade de vida dos trabalhadores. Segundo Azevedo, é fundamental que os trabalhadores tenham mais de um dia de descanso semanal para combater o desgaste e o cansaço extremo que muitas vezes resultam em problemas de saúde. “Ninguém pode viver tendo só apenas um dia de folga”, afirmou, reforçando que a atual organização de trabalho é vista por muitos como um resquício de práticas de exploração.
A proposta de eliminar essa prática de organização de trabalho levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e o bem-estar dos trabalhadores em setores de grande demanda.