O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Marielle, uma voz ativa em defesa dos direitos humanos, foi alvo de um crime brutal em março de 2018, em um caso que mobilizou o país.
Quem matou Marielle?
Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Élcio de Queiroz recebeu uma sentença de 59 anos, 8 meses e 10 dias. Ambos foram responsabilizados não apenas pelas mortes, mas também pela tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que estava com Marielle na ocasião e sobreviveu ao ataque.
Além das penas de reclusão, os ex-policiais foram condenados a pagar uma pensão ao filho de Anderson, Arthur, até que ele complete 24 anos, e a indenizar as famílias das vítimas, incluindo Luyara Santos, filha de Marielle, e Marinete da Silva, mãe da vereadora, em R$ 706 mil por danos morais.
Marielle Franco foi assassinada em 14 de março de 2018, quando retornava de um evento no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Durante o trajeto, o carro foi alvejado, resultando nas mortes de Marielle e Anderson Gomes. A investigação apontou para um crime premeditado, com Lessa e Queiroz assumindo papel central no ataque.
O tribunal entendeu que o assassinato foi um duplo homicídio triplamente qualificado: motivado por razões torpes, realizado com emboscada e sem chance de defesa para as vítimas.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP/RJ), o crime teve motivações políticas e financeiras. Lessa e Queiroz, de acordo com a acusação, teriam aceitado o “contrato” para executar Marielle devido à sua atuação política e legislativa em prol das minorias.
A investigação mostrou que Lessa planejou o ataque ainda em 2017, monitorando a rotina de Marielle e realizando buscas na internet sobre formas de execução que evitassem rastreamento.
As investigações revelaram que os ex-policiais buscaram informações não apenas sobre Marielle, mas também sobre outros políticos associados a ela, demonstrando uma possível rede de interesse em limitar sua atuação política.
Investigações Paralelas e STF
O caso, contudo, ainda não se encerrou por completo. A investigação sobre possíveis mandantes do crime continua em um processo paralelo no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os suspeitos, estão Chiquinho e Domingos Brazão, com cargos públicos de relevância no estado do Rio de Janeiro.
A suspeita é que pessoas próximas a esses políticos tenham contribuído para a execução e planejamento do atentado. O ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, também enfrenta acusações de ter dificultado o andamento das investigações na época.
Outros nomes, como o major Ronald Paulo Alves Pereira e o ex-assessor de Domingos Brazão, Robson Calixto, são mencionados em investigações que visam esclarecer todas as circunstâncias e possíveis envolvimentos indiretos no caso Marielle.