Em uma recente publicação nas redes sociais, a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela (PNBVZLA), controlada pelo governo chavista, divulgou uma imagem com o rosto do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em tom de ameaça, destacando que a “Venezuela é independente, livre e soberana”. Esse movimento marca mais um capítulo na relação tensa entre os dois países, intensificada após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no grupo BRICS.
Essa decisão, que frustrava um antigo desejo de Nicolás Maduro, reacende um histórico de desentendimentos e posiciona o Brasil como alvo de declarações contundentes do regime venezuelano.
Tensões diplomáticas entre o Brasil e a ditadura Venezuelana
A imagem, publicada nesta quinta-feira (31), exibe o presidente Lula em uma montagem com a bandeira brasileira ao fundo. Com a frase de impacto, “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”, a postagem reforça o posicionamento do governo venezuelano em não aceitar o veto do Brasil.
Essa declaração, segundo especialistas, pode refletir uma reação à negativa brasileira em apoiar o ingresso da Venezuela no BRICS, bloco de países emergentes que atualmente inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, e recentemente, Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes.
A relação entre os dois países não é recente; em julho, o Brasil foi um dos países a se manifestar contra a legitimidade das eleições venezuelanas, alegando falta de transparência no processo eleitoral que concedeu vitória a Maduro.
Desde então, os desentendimentos entre as nações tomaram novos contornos, e a recente recusa do Brasil em apoiar a entrada da Venezuela no bloco econômico fortalece a postura agressiva por parte do regime chavista.
Veto no BRICS e a reação da Venezuela
A inclusão de novos membros ao BRICS exige um consenso entre os integrantes, o que não foi alcançado em relação à Venezuela. Esse bloqueio enfureceu o governo de Nicolás Maduro, que há anos manifesta interesse em ser aceito no grupo de economias emergentes.
A recusa brasileira, portanto, não apenas frustrou uma aspiração do governo venezuelano, mas também serviu de gatilho para as reações inflamadas que se seguiram. Na quarta-feira, o governo chavista convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas, demonstrando formalmente seu “repúdio” à decisão do governo brasileiro.
Além disso, o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, foi chamado de volta a Caracas para consultas, evidenciando a gravidade com que o país vizinho encarou o episódio. Essa resposta diplomática expôs o quanto o veto ao BRICS foi interpretado pela Venezuela como uma afronta à sua soberania e à sua postura independente.
No mesmo dia, a Venezuela emitiu uma nota oficial, em que expressava seu “mais firme repúdio” às declarações de Celso Amorim, Assessor Especial para Relações Exteriores do governo brasileiro.
A nota classificou Amorim como um “mensageiro do imperialismo norte-americano”, sugerindo que o diplomata brasileiro estaria atuando sob influência externa. Segundo o governo chavista, as declarações de Amorim seriam “grosseiras e de ingerência”, insinuando que o Brasil estaria interferindo nos assuntos internos da Venezuela.
Essa posição acentuou ainda mais o desconforto entre os países, colocando a diplomacia brasileira sob forte crítica. O governo venezuelano, com esse comunicado, reitera seu descontentamento com o que considera uma postura inaceitável do Brasil, alinhando suas críticas ao discurso de resistência que marca a política do governo Maduro frente a potências estrangeiras.